20 de fev. de 2012

GLS TEEN - CAP. 85



No capítulo anterior...
- Ronaldo surpreende Joaquim dormindo no alpendre e o espanca impiedosamente
- Helena tenta intervir, mas é ameaçada pelo marido, que está fora de controle
- Joaquim é expulso de casa sob os olhares admirados de vizinhos alcoviteiros
- O vizinho Joanildo oferece o caminhão para que ele passe o resto da noite

CAP. 85

Ainda em estado de choque, Joaquim demora em pegar no sono. Ele fica tentando imaginar o que fará de sua vida agora. Finalmente adormece.

O dia amanhece.

Helena discute com o marido, enquanto prepara o café da família.

HELENA: Você não devia ter batido no menino daquele jeito. E muito menos ter posto ele na rua feito um cachorro.
RONALDO: E você queria que eu trouxesse ele aqui pra dentro, enfeitadinho daquele jeito, parecendo uma penteadeira de puta?
HELENA: Mas é o nosso filho, Ronaldo. É sangue do nosso sangue.
RONALDO: Tem é que tomar vergonha na cara, arrumar um emprego e ir trabalhar igual aos outros irmãos, não é ficar aí, de vadiagem, pra cima e pra baixo não.
HELENA: Eu sempre achei que tinha alguma coisa diferente no Joaquim. Ele não era igual aos outros. Sempre foi um menino meigo, educado, quieto... Ele não era agitado igual as outras crianças, entende?
RONALDO: E se notou alguma coisa errada, porque não falou antes? Esperou a coisa chegar a esse ponto pra abrir o bico?
HELENA: Ora, homem, como é que eu ia adivinhar uma coisa dessas? Que ele tinha inclinação pras coisas de mulher, pra se vestir desse jeito? Nenhuma mãe nunca imagina uma coisa dessas. Não imagina e nem quer imaginar! Eu achava ele educadinho, às vezes até delicado, mas pensava que era só gentileza mesmo, que não tinha nada a ver, que ele ia crescer, arrumar uma namorada, casar, igual todo mundo...
RONALDO: Agora tá aí, essa vergonha pra família inteira! Já pensou quando a minha família souber que o meu filho virou boiola? Meu pai vai bater na minha cara! E os amigos lá da obra, já pensou a zoação que não vai ser com a minha cara? Mas eu mato esse excomungado! Se ele quer virar viado, que vá viver bem longe da minha casa. Aqui ele não põe mais os pés!
HELENA: Deus me livre! Do jeito que você fala nem parece que você é o pai do menino! Que Deus te perdoe por falar umas barbaridades dessas!
RONALDO: Eu vou é embora trabalhar. Quem sabe assim eu esqueço dessa desgraceira toda. E você não me deixa aquele aboiolado entrar aqui. Não quero saber daquele sujeito aqui em casa! (e sai)

Em Ipatinga, Dadinho entra na sala com sua mala na mão. É véspera de Natal e ele vai se reunir com sua família numa cidade vizinha.

DADINHO: Tem certeza que não quer ir comigo? O Natal lá em casa é legal, família grande, muita comida, gente animada...
GILBERTO: Não, prefiro ficar por aqui mesmo. Eu não conheço ninguém lá, vou ficar meio deslocado... Sua família sabe de você?
DADINHO: Sabe desde sempre. Eu rasguei o verbo desde pequeno. Lá não tem essa não... Também, como esse meu jeitinho, né? Ia enganar quem?
GILBERTO: Mesmo? Você contou assim na lata?
DADINHO: Meu pai pegou meu tio no flagra fazendo coisas comigo... Na hora foi um escândalo, mas depois passou. Também, todo mundo já tava careca de saber que eu era do babado...
GILBERTO: Caramba! Mesmo?
DADINHO: Hoje eu sou mais quieto, também já tô na casa dos trinta, né querido, tenho que tomar um pouco de juízo. Mas quando era novinho eu era do babado! Atendia os coleguinhas da escola todos!
GILBERTO: Isso você faz até hoje, né safado? (risos)
DADINHO: Mas naquela época era bem pior...
GILBERTO: Mas então, se eu for lá, todo mundo vai ficar pensando que a gente é enrolado, né?
DADINHO: Ah, isso vai. Pode ter certeza. Mas ninguém esquenta com isso não...
GILBERTO: Ah nem! Eu tenho vergonha. Fico constrangido com isso. Melhor eu ficar aqui mesmo.
DADINHO: Bom, já que você não quer ir, eu vou indo, senão perco o ônibus. Então, pra você que fica, Feliz Natal! (se abraçam)
GILBERTO: Feliz Natal! E aproveite bastante.

Em Blumenau, Joana observa, escondida, quando Ricardo e a esposa saem carregando malas, bolsas e as duas crianças. A família embarca em um táxi, menos Ricardo.

Assim que o carro sai, Joana vai até o outro lado da rua.

JOANA: Não quis viajar com a família?
RICARDO: Não pude. Tenho de trabalhar amanhã.
JOANA: Vai passar o Natal sozinho?
RICARDO: Vou ser obrigado.
JOANA: Huuuuummm. Quem sabe mais tarde eu não venha te fazer uma visitinha?

Ricardo fica intrigado.

Continua amanhã...


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Você sabia?

Nenhuma organização de profissionais de saúde mental apoia esforços para mudar a orientação sexual das pessoas e, praticamente todas elas, adotaram declarações políticas advertindo profissionais e o público sobre os tratamentos que se propõem a mudar a orientação sexual. Estas incluem a Associação Americana de Psiquiatria, Associação Americana de Psicologia, Associação Nacional dos Trabalhadores Sociais dos Estados Unidos, Associação Americana de Aconselhamento, o Royal College of Psychiatrists, Sociedade Australiana de Psicologia e o Conselho Federal de Psicologia do Brasil.

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