No capítulo anterior...
- Gilberto toma a bênção do pai, mas Avenor
desconversa e se retira
- Catarina aconselha o filho a ignorar a
atitude do pai
- Boneca pensa em assediar Gilberto, mas
hesita e acaba desistindo
- Cicciolina diz a Xantara que não quer
Joaquim em sua casa
- Bernardo encontra Pâmela, começa a falar de
sua vida e começa a chorar
CAP. 73
Pâmela o abraça com carinho.
PÂMELA: Ô
meu lindinho, não fica assim. As coisas vão se resolver...
BERNARDO: Eu
também queria acreditar nisso, só que tá cada vez pior... Eu não aguento mais.
Minha vontade é contar tudo pra eles. Falar: olha, eu não sou essa pessoa que
vocês pensam que eu sou, eu sou diferente, eu tenho vontade de fazer outras
coisas, de ir a outros lugares, de ficar com outras pessoas... É um saco esse
negócio de ficar o tempo todo se escondendo, morrendo de medo de tudo e de
todos, entende?
PÂMELA: Sim,
eu te entendo muito bem, também já passei por isso. E, olha, milhares de
pessoas passam por isso e a maioria delas consegue dar a volta por cima. Você
vai conseguir também. É um menino jovem, bonito, inteligente. Você há de
encontrar o seu caminho nessa vida...
BERNARDO: O
problema é que eu dependo financeiramente deles. Se eu tivesse um emprego,
grana, eu me mandava de casa e não tava nem aí...
PÂMELA: Mas
sua independência vai chegar. Você não tá estudando, não vai se formar?
Então... É uma questão de tempo. A gente quando é jovem é muito impaciente,
quer as coisas num estalo de dedos, mas a vida não é assim. Há momentos em que
temos de ser pacientes pra não botar tudo a perder.
BERNARDO (enxugando
as lágrimas): Por isso que eu gosto de conversar com você, porque é a única
pessoa que me entende. Sempre me dá bons conselhos. Com o meu pai ou a minha
mãe, uma conversa dessas não seria possível. Antes de terminar a primeira frase
eles já teriam despejado um caminhão de pensamentos preconceituosos,
homofóbicos...
PÂMELA: Então,
querido, eu estou sempre aqui. Quando quiser conversar é só me avisar, a gente
dá um jeito de se encontrar, mesmo que seja escondido, afinal, não estamos
fazendo nada demais, não estamos cometendo nenhum crime...
BERNARDO: Obrigado
por me ouvir. Muito obrigado mesmo.
Pâmela o abraça e o conforta.
Em Joanésia, Gilberto vai ao hospital se
despedir da mãe.
GILBERTO: Bom
dia! Como a senhora passou de ontem?
CATARINA: Eu
tô bem, pronta pra outra. Até o médico já passou aqui e já me deu alta.
GILBERTO: Quem
vem buscar a senhora?
CATARINA: Seu
pai foi chamar o Belchior, aquele vizinho lá de casa.
GILBERTO: Bom,
então é melhor eu ir embora, antes que ele apareça por aqui. Acho que não vai
gostar de me ver aqui.
CATARINA: Bobagem,
meu filho. Seu pai querendo ou não, você continua sendo nosso filho do mesmo
jeito. Tem gente que faz coisa muito pior e nem por isso deixa de ser filho...
GILBERTO: É,
mas eu prefiro não ficar insistindo. Pode ser que ele ache que isso é
provocação. Hoje ainda vou ficar lá na casa do Boneca. À noite volto pra
Ipatinga, porque tenho de trabalhar amanhã cedo. Fique com Deus, minha mãe. E
sempre que puder, mande notícias. É só falar com o Boneca que ele me dá o
recado. A sua bênção, minha mãe.
CATARINA: Vai
com Deus, meu filho. E que ele te abençoe.
Eles se despedem. Gilberto sai
do quarto.
Em Belém, Xantara vai à cozinha
e encontra Joaquim lavando a louça na pia.
XANTARA: Como
passou a noite amiga?
JOAQUIM: Mal,
amiga, tô toda dolorida, como Maria depois que voltou da suruba, como diriam os
Mamonas Assassinas.
XANTARA: Posso
imaginar...
JOAQUIM: Nossa,
a Cicciolina é cruel mesmo... Imagine se eu dormir no sofá iria estragar o sofá
dela... Que maldade... Aquele colchonete de dois centímetros acabou com as
minhas costelas. Ela é sempre assim, esnobe com todo mundo, ou será que ela não
gostou foi da minha pessoa?
XANTARA: Esnobe
ela é com todo mundo, mas parece que com você foi um pouquinho além da conta...
JOAQUIM: Você,
que é tão amiga dela, não poderia levar um papo, pedir pra ela ser um pouquinho
mais maleável comigo? Você sabe da minha situação, sabe que não tenho pra onde
ir... Será que ela não poderia ser um pouco mais boazinha comigo? Eu faço a
doméstica da casa, ajudo nas tarefas, faço tudo que ela quiser, em troca de um
teto...
XANTARA: Então,
é sobre isso que eu precisava falar com você e tava meio sem jeito de tocar no
assunto... Ela quer que você vá embora daqui.
Joaquim fica apreensivo.
Continua amanhã...
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Você sabia?
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