No capítulo anterior...
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Bebel confirma que saiu com o Senador, dá entrevistas e vai a programas de TV.
Um grande escândalo se arma
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Bernardo se sente culpado pela situação da família e dá sinais de depressão.
Pâmela e Lorraine o aconselham
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Hoffmann revela a Gilberto que se sente atraído por ele, mas Gilberto diz que
não está preparado para se envolver
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Joel aconselha Gilberto a namorar Hoffmann
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Joselito e Jussara vão ao emprego de Joana e fazem um escândalo
CAP. 195
GERENTE: Mocinha,
o que tá acontecendo aqui?
JUSSARA: Melhor
o senhor perguntar pra sua funcionária. Essa bandida seduziu a minha mãe e fez
a cabeça dela para abandonar o meu pai e sair de casa.
JOANA: Eu
não tive nada a ver com isso, Jussara, sua mãe saiu de casa porque o casamento
dela com o seu pai já não dava certo há muito tempo.
JUSSARA: Mentira!
Agora você tá jogando a culpa no meu pai para encobrir a sua safadeza! Foi você
que fez cabeça dela!
GERENTE: Garota,
por favor, vamos conversar lá dentro. Não quero escândalo aqui na minha loja...
JUSSARA: Mas
eu quero! Quero que todo mundo fique sabendo que tipo de gente o senhor bota
pra trabalhar aqui! Isso daí é uma mulher safada, sem caráter, sem princípios!
Primeiro ela deu em cima de mim e como viu que eu não queria nada com ela, foi
dar em cima da minha mãe. Esse sapatão dos infernos!
GERENTE: Sabe
o que é? É que vida particular dos nossos funcionários não nos interessa. Aqui
é um local de trabalho. Procure a Joana em outro lugar pra resolver as
diferenças de vocês.
JUSSARA: Eu
não quero ver esse sapatão nunca mais na minha vida! Só vim aqui pra dizer tudo
que tava entalado na minha garganta. O senhor sabe o que é isso? O senhor já passou
por essa situação: sua mãe abandonar o seu pai, o lar dela, os filhos, a minha
irmãzinha pequena, para ir atrás de outra mulher?
GERENTE: Felizmente
não.
JUSSARA: Então
o senhor não sabe como eu me sinto. Minha família foi destruída por essa coisa
aí! Minha família virou motivo de deboche na vizinhança, na escola. Meu pai tá
arrasado. É por isso que eu não gosto de sapatão! Nunca gostei! (e desaba a
chorar)
Joselito e o gerente amparam
Jussara, enquanto uma funcionária lhe traz um copo com água. Aos poucos todos os
clientes se retiram da loja.
Bebel recebe uma ligação no
celular. Mais uma entre as dezenas que tem recebido desde que estourou o
escândalo do Senador. Porém, dessa vez não se trata de mais uma pergunta ou
curiosidade, mas de uma voz firme e ameaçadora.
INTERLOCUTOR: Você se meteu com quem não devia mocinha. E
agora vai pagar caro por isso! Fecha o bico, pare de falar besteira na
imprensa. Se não calar a boca, logo logo vai comer capim pela raiz. Fui bem
claro? E mais: não comente com ninguém sobre essa ligação. Para o seu próprio
bem.
Bebel desliga, trêmula.
LORRAINE: O
que foi bicha? Parece que viu fantasma.
BEBEL: Ver
eu não vi, mas ouvi. Era uma ameaça.
LORRAINE: Que
tipo de ameaça?
BEBEL: Disse
pra eu calar a boca, para de falar demais. Senão vou comer capim pela raiz.
LORRAINE: Tá
na cara que isso vem da parte do Senador. Essa gente não é mole não mona! Você se
meteu onde não devia...
BEBEL: Você
acha mesmo que eles seriam capazes de cumprir com uma ameaça dessas?
LORRAINE: E
não? O cara é uma autoridade, tem grana. E você? Se aparecer morta amanhã na
sarjeta, ninguém vai nem saber quem é. Se bobear até te enterram como
indigente. No máximo você vai aparecer na capa do “Expresso”, aquele jornal sensacionalista. Mas depois de uma
semana, ninguém vai nem se lembrar mais. Vai por mim: tome cuidado. Você tá
brincando com fogo! Melhor você ficar quietinha em casa por esses dias. Pelo
menos até a poeira baixar.
BEBEL: Vou
fazer isso mesmo...
Logo depois, no escritório da
loja...
JOANA: Eu
queria pedir desculpa por tudo que aconteceu. A Jussara é uma patricinha
mimada. Vive dando chilique. O senhor me desculpe, não vai acontecer novamente.
GERENTE: Joana,
infelizmente, depois de tudo que aconteceu aqui hoje, não resta alternativa.
Não tem mais como você continuar trabalhando aqui.
JOANA: O
senhor tá dizendo que eu tô sendo demitida?
GERENTE: Exatamente.
Você pode voltar na semana que vem pra receber os seus direitos.
JOANA: Mas
o senhor/
GERENTE: Não
tem mais nem meio mais. Volte na semana que vem.
JOANA
(irritada): Aquela patricinha me paga! (e sai)
No almoço em família, Betina
aproveita para fazer um comunicado.
BETINA: Bom,
aproveitando a família toda aqui reunida, eu queria dizer/
AIRTON
(cortando): Pelo amor de Deus! Fecha essa matraca. Cada vez que você abre a
boca aqui é um terremoto que desaba sobre essa família.
SIMONE: Se
pudesse nos poupar das suas declarações seria melhor. Já não basta tudo o que
aconteceu?
BETINA: Calma,
meus irmãos. Não vou fazer nenhuma revelação bombástica. Vocês me acusam de
tudo, como se eu tivesse culpa de ter nascido assim, diferente. Eu não pedi pra
ser assim não. A gente nasce e pronto.
JUAREZ: O
que é filho? Se não for nada chocante, pode dizer. Seus irmãos vão te ouvir.
BETINA: Eu
tive pensando melhor, depois de tudo que tem acontecido, e cheguei à conclusão
que talvez fosse melhor eu sair dessa casa. Não quero ser motivo de vergonha e
constrangimento pra vocês. Também quero ser livre para seguir o meu caminho.
Não quero viver aqui como se fosse um peso, um encosto, uma presença
indesejada. Eu tava pensando em voltar para o Recife.
JUAREZ: Eu
não sei meu filho. Precisamos pensar com calma a respeito disso. Eu não
gostaria de ver meus filhos espalhados por aí. Prefiro vocês junto de mim, da
sua mãe. Aliás, e você Lourdes? O que acha disso?
LOURDES
(alheia, distante): Eu não acho nada... Eu não sei de mais nada.
JUAREZ: Ficamos
assim meu filho: eu e sua mãe vamos falar com a doutora Cacilda, vamos pedir
uma orientação a ela e depois de te damos uma resposta. Pode ser?
BETINA: Tá
bom pai. Só não pode demorar, porque em alguns dias a Pâmela viaja para o
Recife e eu gostaria de viajar junto com ela.
No final de semana, Gilberto e
Hoffmann viajam para a cidade histórica de Pirenópolis, próximo a Brasília. Eles
se divertem, fazem diversos programas de lazer: visitam cachoeiras, museus,
bares, restaurantes, compram artesanato, tiram muitas fotos. E, claro, fazem
sexo também.
Gilberto começa a ceder aos
encantos de Hoffmann e já nem se lembra mais de Reynaldo.
Joana chega em casa e ouve uma
conversa dos pais.
VANILDA: Eu
não sei mais o que fazer com essa menina. Nunca pensei na minha vida que fosse
passar por uma situação dessas. Eu pensava que isso só acontecesse com os
outros.
TATÃO: Eu
já fiquei quieto demais. Quer saber? Agora eu vou resolver isso do meu jeito!
Já que tá tudo danado mesmo, vamos danar o resto! Eu vou lá, na casa daquela
vagabunda!
VANILDA: Calma,
homem, veja bem o que você vai fazer...
Tatão nem dá ouvidos e sai
apressado. Passa na área de serviço, pega uma faca e enfia na cintura. Joana vê
e se desespera.
TATÃO
(para si mesmo): É hoje que eu mato aquela desgraçada!
Continua amanhã...
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Você sabia?
Literatura - Os acadêmicos
também têm estudado obras mais antigas; como a dos poetas latinos Catulo,
Tibulo, e Propércio, que escreviam versos sobre as experiências pessoais
homossexuais que tinham, e as canções da poetiza Safo da Grécia antiga, muitas
vezes endereçadas à outras mulheres. Na literatura brasileira, destaca-se a
obra Bom Crioulo (1895), de Adolfo Caminha, considerado "primeiro romance
homossexual na história da literatura ocidental", como também escritos
homoeróticos de Raul Pompéia, Álvares de Azevedo, Olavo Bilac, Mário de
Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Caio Fernando Abreu,
João Silvério Trevisan, Lygia Fagundes Telles, etc. No poema "Rapto",
Drummond denomina a homossexualidade "outra forma de amar no acerbo
amor".
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