No capítulo anterior...
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Diógenes tenta investigar, mas ninguém sabe do paradeiro de Célia
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Reynaldo leva Gilberto ao aeroporto. Eles se despedem emocionados
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Bebel teme o resultado do exame de HIV
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Gilberto conversa com o síndico. Hoffmann aparece e o convida para ajudar com a
mudança
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Joana chega ao apartamento e encontra Célia, que a convida para morar com ela
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Bebel conta às amigas travestis que pegou o resultado do exame e que está limpa
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Deprimida, Lourdes sai caminhando pelas ruas, deixando os filhos em pânico
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Detetive conta a Diógenes que Célia está tendo um caso com outra mulher
CAP. 192
DETETIVE: Isso
mesmo que o senhor ouviu: sua mulher está tendo um caso, mas não é com outro
homem. É com outra mulher. E tem mais./
DIÓGENES
(cortando): Tem mais? Mas você disse que era uma notícia ruim e outra péssima.
Você já deu as duas...
DETETIVE: Pois
é, eu me esqueci. Tinha uma mais péssima ainda.
DIÓGENES: E
qual é? Despeja tudo logo de uma vez.
DETETIVE: Essa
mulher é uma garota que tem a mesma idade da sua filha.
DIÓGENES: Não
acredito!
DETETIVE: Pode
acreditar! O nome dela é Joana (e mostra as fotos).
DIÓGENES: Eu
conheço essa garota. É amiga da minha filha. Eu não acredito que a minha mulher
tá tendo um caso com essa pirralha! Isso é demais pra minha cabeça! Deve ter
algum engano nessa história...
DETETIVE: Veja
aí nas fotos, veja com os seus próprios olhos.
Diógenes vê as fotos das duas
se beijando dentro do carro e fica estupefato.
Na manhã seguinte, Diógenes vai
à porta do colégio esperar Joana.
DIÓGENES
(puxando Joana pelo braço): Ô mocinha, vem cá! A gente precisa ter uma
conversa.
JOANA: Quem
é você? Eu nem te conheço! Me solta seu grosso!
DIÓGENES: Conhece
sim! Eu sou o pai da Jussara, sua amiga, lembra? E também sou marido da dona
Célia, a sua... A sua.../
JOANA
(abusada): Namorada?
DIÓGENES: É.
É, namorada, amante, sei lá que nome vocês dão pra essa sem-vergonhagem! Você
não tem vergonha não de ficar dando em cima de uma mulher casada, mãe de
família? Porque você não procura alguém da sua idade?
JOANA: Ô
tio, pro seu governo, eu não dei em cima de ninguém. Foi a sua mulher que deu
em cima de mim. No começo eu resisti, mas depois experimentei e gostei. Se
alguém levou alguém pro mau caminho aqui, esse alguém não sou eu não. Aliás, porque
o senhor não vai tirar satisfação com a sua mulher? Ah! Lembrei: ela não quer
ver a sua cara nem pintada de ouro, não é? Não foi por isso que ela saiu de
casa?
DIÓGENES: Ô
garota, mas tu é abusada mesmo hein? Eu não sei aonde que eu tô que não te dou
uns tapas na orelha!
JOANA: Vai
bancar o covarde agora e bater em mulher? Eu não tenho culpa se eu dou pra sua
mulher o que você não consegue dar...
Diógenes se enfurece e arma a
mão para dar um tapa na cara de Joana. Nesse exato instante Joselito chega e
segura o seu braço.
JOSELITO: Ficou
maluco pai? O que tá acontecendo aqui? (e para Joana) Vai menina, se manda! Deixa
que eu me entendo com meu velho aqui.
DIÓGENES: Puxa!
Se você não chega na hora H eu tinha feito uma besteira aqui.
JOSELITO: Vamos
sair daqui pai. O senhor precisa esfriar a cabeça. No caminho o senhor me conta
o que aconteceu. (e puxa Diógenes)
No carro Diógenes revela toda a
história que acabara de descobrir.
No apartamento, Gilberto ajuda
Hoffmann a desencaixotar os móveis.
GILBERTO: O
senhor tem muita coisa. Será que vai caber tudo nesse apartamento?
HOFFMANN: Vai,
com jeitinho vai. Isso é igual quebra-cabeça. Vai encaixando tudo no seu lugar
certinho.
GILBERTO: O
senhor tem bom gosto. Tem muitas peças bonitas, muita coisa fina...
HOFFMANN: Se
você me chamar de senhor mais uma vez eu vou me aborrecer com você. Hoffmann. Me
chame apenas de Hoffmann.
GILBERTO: Tá
certo, vou me esforçar.
HOFFMANN: Minha
casa é cheia de “fru-frus”, como diz uma amiga. Isso são coisas que fui
acumulando ao longo da vida. Presente de um, presente de outro... Quando era
jovem eu tinha muitos amigos, muitas amigas. Mas a gente vai ficando velho, o
povo vai sumindo tudo. Sabe como é, a gente não pode ir pra balada mais, não
pode agitar mais, então se torna dispensável...
GILBERTO: Que
bobagem! Mas você é um cara jovem ainda...
HOFFMANN: Como
você é gentil, garoto... Jovem é você. Eu já tô do meio dia pra tarde...
GILBERTO: O
senhor, quer dizer, você, não tem família, tipo filhos, mulher, ninguém?
HOFFMANN: Não
tenho. Sempre fui sozinho. Eu não sei se você tem algum tipo de preconceito,
mas eu vou arriscar e te contar: eu sou gay. Nunca me interessei por
mulheres... E como não me interessava por mulheres, também não tive filhos...
Está chocado com a revelação?
GILBERTO: Não,
normal. Na verdade eu até tinha uma suspeita. Só não perguntei pra não ser
indiscreto...
HOFFMANN: E
você? Tem namorada, mulher, filhos?
GILBERTO: Bom,
já que você confessou, eu também posso confessar: eu também sou gay. Não sou
muito chegado em mulher não...
HOFFMANN: Eu
também desconfiei desde o princípio...
Os dois riem. Hoffmann vai à
cozinha e volta com um champanhe e duas taças.
HOFFMANN: Isso
merece uma comemoração. Se eu sou gay, se você é gay, isso significa que, no
mínimo, vamos ser grandes amigos. (eles brindam)
Depois de duas noites sem
dormir, completamente transtornada, Lourdes foge de casa mais uma vez. Ela
planeja se atirar na frente de um carro e se matar. Ela chora pelas ruas e
caminha sem rumo.
Lourdes atravessa o Eixo Monumental às três horas da tarde. O
tráfego de carros é intenso e em alta velocidade. Alguns buzinam, outros freiam
bruscamente, outros passam zunindo ao seu lado. Uma tragédia está prestes a
acontecer.
Betina avista a mãe e corre
desesperada para alcançá-la. De repente, uma freada brusca, cantado estridente de
pneus e uma pancada seca. Betina leva as mãos ao rosto e tapa os olhos para não
ver a desgraça.
BETINA: Nããããããããããããooooooooooooooo!
Continua segunda-feira...
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Você sabia?
Cade a continuação?
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