No capítulo anterior...
-
Juarez tem um ataque cardíaco com a revelação de Betina (Bernardo) e vai parar
no hospital
-
Gilberto vê uma mensagem no celular de Reynaldo marcando um encontro no Clube
de Sexo
-
Célia chega em casa tarde e tem mais uma briga com Diógenes
-
Pâmela chega do Recife e dá conselhos a Betina, que se sente culpada pela
doença do pai
-
Gilberto flagra Reynaldo fazendo uma orgia com vários homens
CAP. 190
Gilberto observa a cena por
mais algum tempo, mas contrariado, se retira. Ele veste a roupa e vai embora.
Caminhando pela rua, ele pensa
em terminar tudo, mas por outro lado pensa nas dificuldades que vai enfrentar:
mora com Reynaldo, está trabalhando, estudando, malha na academia... Tem uma
vida estruturada ao lado do namorado e depende dele para várias coisas.
GILBERTO
(para si mesmo) Será que vale a pena jogar tudo pro alto? E se eu voltar pra
Brasília e não conseguir emprego? Voltar pra Joanésia eu não posso. Voltar pra
Ipatinga eu não quero. Mas aceitar o cara me chifrando também não tem a menor
lógica... E agora? O que eu faço?
Mais tarde, Joselito vai ao
quarto e encontra o pai lendo seu livro.
JOSELITO: Pai,
o senhor viu a minha mãe?
DIÓGENES: Não.
Ele deve estar na rua, na casa daquelas amigas dela...
JOSELITO: Até
essa hora? O senhor não tem notado que a minha mãe tem passado muito tempo
fora? Não acha isso estranho?
DIÓGENES: Eu
não sei filho, eu saio pra trabalhar cedo e só chego à noite... Por quê? Tá
acontecendo alguma coisa que eu não sei?
JOSELITO: Tá
acontecendo isso, pai: a minha mãe não para mais em casa. Não dá satisfações
pra ninguém, qualquer pergunta que a gente faz ela fica logo nervosinha... Eu
não sei não, mas pra mim tem alguma coisa mal explicada nessa história...
DIÓGENES: O
que você tá dizendo meu filho? Você tá insinuando que a sua mãe tá... Que a sua
mãe tá me.../
JOSELITO: Pai,
eu não tô insinuando nada. Mas que a coisa tá muito estranha tá... Acho bom o
senhor abrir o olho... Vou nessa. Até mais. (e sai)
Diógenes fica encabulado com as
insinuações do filho.
Na outro dia, Diógenes contrata
um detetive para seguir Célia.
Nos dias seguintes, Gilberto
passa a prestar atenção nas mensagens, nos horários e no comportamento de
Reynaldo. Juntando as peças do quebra-cabeças ele percebe vários indícios de
que o namorado leva uma vida dupla e tem vários parceiros sexuais.
GILBERTO (para
si mesmo): Que merda! Esse cara se dizia todo envolvido comigo, dizia que amava
a minha simplicidade, insistiu até eu vir pra cá, e agora que eu tô aqui, o
cara vive costurando pra fora? Que merda é essa? (pensa) Como é que eu vou sair
dessa enrascada?
Juarez recebe alta do hospital.
Em casa, deitado em seu quarto,
ele comenta algo que vem chamando sua atenção.
JUAREZ: Mulher,
nos últimos dias tenho te notado tão estranha, tão calada... O que tá
acontecendo com você?
LOURDES: Tá
tão visível assim?
JUAREZ: Tá
na cara... Você emagreceu, tá com a voz baixa... Tá distante... A gente fala
com você, parece que leva um tempo pra ouvir o que a gente tá dizendo... Tô te
achando muito estranha.
LOURDES: Impressão
sua.
JUAREZ: Não
senhora. Você tá muito diferente. E não é só eu que tô achando não. Os meninos
comentaram comigo lá no hospital.
LOURDES: Eu
não queria falar pra não te aborrecer, afinal de contas o doente aqui é você,
mas eu tô muito triste com tudo isso que aconteceu na nossa família. Parece que
passaram de avião e jogaram uma bomba em cima da gente.
JUAREZ: Você
tá falando desse negócio do Bernardo?
LOURDES: E
do que mais haveria de ser? Minha vontade é sair andando por uma estrada e
nunca mais olhar pra trás de tanta vergonha. Isso não é coisa de Deus, isso é
coisa do demônio. Esse menino tá perturbado das ideias, tá fraco da cabeça.
Onde já se viu uma coisa dessas, cortar os negócios de homem pra virar mulher?
Eu queria era morrer pra não ver chegar esse dia... Eu queria morrer (e desaba
a chorar)
JUAREZ: Calma,
minha velha. Fica assim não. Você viu como eu fiquei, não foi à toa que eu fui
parar no hospital... Mas a gente vai achar um jeito de resolver essa situação.
A gente vai achar um jeito, com a ajuda de Deus.
LOURDES: Como?
A gente vai matar ele? Vai botar pra fora de casa? Vamos mudar pra um lugar
onde ninguém conhece a gente? E as nossas famílias? A gente vai romper com elas
pelo resto da vida? Não tem jeito... Não tem jeito... A única solução é sumir
no mundo... Pra falar a verdade eu queria morrer! Só a morte pode me livrar
desse tormento que eu tô sentindo aqui no meu peito.
JUAREZ: Não
fica assim. Eu também tô arrasado. Imagina! Meu sonho era ver meus filhos no
quartel, seguindo a carreira militar. Queria que eles fossem motivo de orgulho
pro pai, pra mãe. Ou então, mesmo que não fosse militar, que eles seguissem
outras carreiras, mas que fossem pessoas honestas, honradas... Mas depois de
acontecer isso, o que a gente vai fazer? Matar não tem jeito. O único meio é a
gente aprender a conviver com isso...
LOURDES: Eu
não sei... Só Deus pra ter piedade de mim... Só Deus...
Juarez abraça a esposa e a
conforta.
Em São Paulo, Reynaldo chega da
rua e Gilberto o aguarda sentado na mesa.
REYNALDO: Que
cara é essa? Você tá estranho...
GILBERTO: Eu
quero te comunicar uma coisa: amanhã eu tô voltando pra Brasília.
REYNALDO (assustado):
Como assim? Ficou maluco?
GILBERTO: Eu
não quero me alongar, até mesmo porque não quero sofrer mais. Mas eu descobri
que nosso relacionamento já deu o que tinha que dar. Eu tô sabendo que você tá
saindo com outros caras, e como eu te amo muito, eu não conseguiria passar por
cima disso e aceitar essa situação. Por isso eu pensei muito e cheguei à
conclusão que o melhor pra mim é voltar para Brasília.
REYNALDO: Eu
também gosto muito de você e por isso vou ser sincero: é verdade, eu tenho
saído com muitos caras. Eu sou um cara livre, nunca consegui me prender a
ninguém. Quando eu te conheci, eu pensei que com você seria diferente. Mas
infelizmente eu não consegui. Eu queria muito que você ficasse aqui. Eu queria
muito te ajudar a estudar, a conseguir um trabalho melhor, a crescer na vida.
Mas se você acha que o melhor é voltar pra Brasília, eu não vou tentar te
impedir. Acho que você tem o direito de fazer o que achar melhor pra você.
GILBERTO: Então,
eu acho que o melhor pra mim é me afastar de você. Por isso eu quero voltar.
Apesar de tudo, eu sempre vou ser muito grato por tudo que você fez por mim,
por tudo que me mostrou da vida. Você me mostrou coisas que eu nunca conheceria
na vida. Muito obrigado mesmo.
Os dois se abraçam emocionados.
Em Brasília, Diógenes entra no
quarto, e quando vai pegar uma roupa no armário, leva um susto: a parte do
armário que pertence à Célia está completamente vazia!
DIÓGENES
(para si mesmo): Meu Deus! O que aconteceu? (e responde) Não é possível! A
Célia foi embora de casa!
Continua amanhã...
>>>>>>>>>>>>>>>>
Você sabia?
Nenhum comentário:
Postar um comentário