No capítulo anterior...
- Joana e Célia comentam a maravilhosa
experiência sexual que acabaram de ter
- Reynaldo apanha Gilberto no emprego e o
leva para assistir a uma peça de teatro
- Gilberto gosta do passeio, mas não entende
nada. Reynaldo aprecia sua simplicidade
- Célia chega em casa e é surpreendida pelo
marido, que cobra explicações pelo seu sumiço
CAP. 155
CÉLIA: Pois
é, eu saí pra fazer umas comprinhas com umas amigas, acabei me distraindo...
DIÓGENES: Comprinhas?
E cadê as comprinhas? Você não tá com nada nas mãos.
CÉLIA: Então,
é que... É que... As comprinhas não eram pra mim. É isso. As compras eram da
Madalena, ela é quem tava fazendo compras, eu só fui pra ajudar, dar palpites,
essas coisas...
DIÓGENES
(sem se convencer): Comprinhas... Devia se preocupar mais com os seus filhos do
que ficar batendo pernas por aí.
CÉLIA: Ah
que isso Diógenes? Todo mundo nessa casa é adulto, é perfeitamente capaz de
compreender um pequeno atraso... A comida não tava aí na mesa? Eu deixei ordens
com a empregada pra preparar tudo... Se tá tudo aí na mesa, qual o problema?
Ah! Quer saber? Tô cansada dessa vidinha de dona de casa. Coisa mais chata!
DIÓGENES: Eitia!
Que bicho te mordeu mulher?
CÉLIA: Bicho
nenhum. Mas não tô com paciência pra cobranças agora. Minha fase de levar
bronca já passou há muito tempo... Vô lá dentro tomar um banho e volto pra
jantar. Se não quiserem me esperar, podem jantar sem mim. (e sai)
DIÓGENES
(para os filhos na mesa): Não sei que bicho mordeu ela. A mãe de vocês parece
que tá atacada...
Depois do sexo, Gilberto e
Reynaldo tomam banho antes de dormir.
REYNALDO: Tá
gostando de dormir comigo aqui no hotel?
GILBERTO: Sim,
é muito gostoso aqui. Queria ter uma casa assim...
REYNALDO: Todo
mundo queria, meu filho, todo mundo queria... Pena que a semana tá chegando ao
fim e logo vou ter de ir embora...
GILBERTO: Eu
vou sentir muito a sua falta. Esses dias com você foram maravilhosos.
REYNALDO: Quem
sabe um dia você não vai me visitar em São Paulo? Minha casa não é tão boa
quanto esse hotel, mas dá pra você ficar lá numa boa...
GILBERTO: Deixa
de ser bobo... Sabe que eu não me importo com isso... Mas eu acho complicado.
Tem pouco tempo que entrei no serviço, só vou ter férias daqui a um ano...
REYNALDO: Um
ano passa rápido... Além do mais, você não precisa ir exatamente nas suas
férias... Daqui até lá muita água pode passar embaixo da ponte.
GILBERTO: Pode,
mas tô seguindo o ciclo normal das coisas né?
REYNALDO: Entendo.
Vem cá, meu gatinho, deixa eu te secar. Tô adorando mimar esse gatinho (risos)
Joana conversa com Beatriz no
quarto.
JOANA
(eufórica): Preciso te contar uma coisa louca que aconteceu comigo hoje.
BEATRIZ: O
que é? Namorado novo? A julgar pela sua animação deve ser coisa muito boa...
JOANA: Você
não vai acreditar! Eu fiquei com uma mulher hoje!
BEATRIZ: Tá
doida? Você perdeu o juízo de vez?
JOANA
(de olho em Renata): Fala baixo! Você quer que a outra acorde?
BEATRIZ: Não
tô acreditando! Como você teve coragem?
JOANA: Foi
a melhor coisa que já fiz na vida. Você não pode imaginar...
BEATRIZ: Como
assim? Não tô entendendo nada...
JOANA: Foi
maravilhoso! Tudo de bom e mais um pouco. Se eu soubesse que era tão bom assim,
já tinha experimentado há muito tempo, não tinha ficado dando moral pra aqueles
manés...
BEATRIZ: Eu
não acredito... Você não tem juízo de uma galinha! Depois vai ficar grilada
quando a galera te chamar de sapatão. Já pensou se isso cai na boca do povo?
JOANA: Só
se você contar, né sua songa!
BEATRIZ: Eu
não! É claro que não vou contar uma barbaridade dessas. Só se eu fosse louca...
JOANA: Nossa!
Foi uma loucura! Muito melhor que todas as transas que eu tive com aqueles
marmanjos... Mulher é muito melhor! Ela foi carinhosa, me tratou muito bem...
Ficamos a tarde inteira no motel, tomamos banho de banheira, tomamos champanhe...
Olha, não sei nem como te explicar. Foi tudo de bom e mais um pouco.
BEATRIZ: Eu
hein! Tô fora! Não curto essas paradas não... Deus me livre!
JOANA: Mas
ó, fica na sua hein! Não vai abrir o bico pra ninguém sobre isso. Nem pra sua
sombra... Se eu alguém desconfiar de alguma coisa, eu sei que foi você quem
contou.
BEATRIZ: Pode
ficar tranquila. Por mim ninguém nunca vai saber...
Joana continua eufórica, e
Beatriz de queixo caído.
Bebel e mais cinco amigas fazem
ponto no Setor Comercial Sul. Nisso passa um carro cheio de jovens,
aparentemente bêbados. Eles provocam as travestis com gritos e palavrões. Cantam
pneus, dão freadas bruscas, ameaçam jogar o carro em cima delas, etc.
RAPAZ 1: Ê
desgraça! O tal de traveco é o cão chupando manga mesmo!
RAPAZ 2: Tem
é que dar uma surra nessas pragas pra ver se vira homem de verdade!
RAPAZ 3: Bater
só não! Tem é que matar umas misérias dessas!
RAPAZ 1: Pega
o três oitão aí! Vamo meter bala nessas desgraça! Tem que livrar a sociedade
dessas peste!
As travestis ficam em pânico.
Continua amanhã...
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Você sabia?
A
Terapia de Choques Elétricos foi aplicada por Ugo Cerletti a partir de 1938
para várias finalidades, incluído a tentativa de cura para a homossexualidade
utilizando o pressuposto de que se a homossexualidade tem explicações
neuro-bioquímicas, então ela é curável.
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