No capítulo anterior...
- Célia e Joana tomam banho de banheira, mas
antes fazem um brinde ao encontro
- Bernardo visita Lorraine e lhe conta sobre
suas novas roupas
- Lorraine admira sua coragem o incentiva a
assumir sua sexualidade, porém com prudência
- Célia e Joana vão pra cama e partem para o
sexo propriamente dito
CAP. 154
Célia e Joana permanecem na
cama trocando carícias por longo tempo.
JOANA: Puxa!
Se eu soubesse que isso era tão bom, já tinha experimentado há muito tempo...
CÉLIA: Tá
falando sério? Você gostou mesmo?
JOANA: Gostei
não, adorei! Só mesmo uma mulher pra compreender a outra na cama. A gente
transa com homem, pelo menos nas vezes que eu transei, foi tudo tão mecânico,
tão rápido... Nunca tinha experimentado uma troca tão grande de carícias, essa
coisa de curtir cada preliminar, cada momento, como se ele fosse o mais
importante...
CÉLIA: Pelo
visto você não foi muito feliz nas suas relações com os homens...
JOANA: Não
fui mesmo. Eu sentia falta de algo... Minhas amigas contavam maravilhas, mas eu
não sentia nada. Na verdade eu ficava torcendo pra eles acabarem logo e me
tirarem dali, daquela situação, me levarem embora logo, porque aquilo só me trazia
constrangimento e frustração...
CÉLIA: E
hoje, como foi?
JOANA: Hoje
foi divino! Foi maravilhoso... Nunca tinha sentido nada tão intenso, tão
gostoso em toda a minha vida... Hoje eu senti aquelas maravilhas que as minhas
colegas contavam e eu ficava apenas imaginando...
CÉLIA: Então
você não sabia o que era um orgasmo...
JOANA: Não,
claro que não. Orgasmo era só os manés que sentiam... Eu mesma ficava olhando
pras paredes e chupando os dedos...
CÉLIA: Fico
feliz que tenha te proporcionado uma experiência tão inovadora assim. Espero
que essa seja a primeira de muitas outras... Se você me der o prazer de
repeti-las, é claro...
JOANA: Com
certeza. No que depender de mim, vou querer repetir muitas outras vezes...
(pausa) Mas, me diga uma coisa: e eu, como me saí? Correspondi às suas
expectativas?
CÉLIA: Olha,
pra ser franca, eu notei você um tantinho assim (mostra) insegura, receosa...
Mas pra uma primeira vez, você se saiu muito bem. E eu me senti completamente
satisfeita. Correspondeu a todas as minhas expectativas e mais algumas...
JOANA : Que bom! Fico feliz
com isso. Mas agora, sem querer quebrar o clima, acho melhor a gente ir
andando, porque a noite já caiu faz tempo... O povo lá em casa deve tá grilado
comigo...
CÉLIA: Você
tem toda a razão. Melhor irmos mesmo. Lá em casa também já devem ter notado a
minha ausência. Vamos?
JOANA: Vamos.
Depois de tudo de bom que a gente fez hoje, não compensa se estressar com
encheção de saco dos outros...
As duas se beijam e saem de
mãos dadas do quarto.
Um pouco mais tarde, Reynaldo
estaciona o carro na porta do condomínio para apanhar Gilberto.
REYNALDO: Demorei?
GILBERTO: Não.
Você até que é bem pontual.
REYNALDO: O
que você acha da gente assistir a uma peça de teatro hoje? Vi no jornal que tem
uma peça carioca em cartaz aqui, no Teatro
Nacional.
GILBERTO: Você
quem manda... Pelo visto você só gosta de coisas boas, então se você tá me
chamando, deve ser porque é bom...
REYNALDO: Você
nunca foi a um teatro?
GILBERTO: Na
verdade não... Só vi na televisão... Nunca fui muito ligado nessas coisas...
Sou de cidade pequena, do interior do interior lembra?
REYNALDO: É,
mas agora você mora na capital federal... Bem que poderia aproveitar um
pouquinho de tudo que a cidade oferece...
GILBERTO: Esse
negócio de teatro é coisa de rico, de gente inteligente... Eu sou um zé
ruelas...
REYNALDO: Não
senhor, teatro é coisa pra quem tem bom gosto e isso eu sei que você tem. Só
precisa ser um pouquinho lapidado. Entra aí e vamos lá! Tenho certeza que você
vai gostar. Depois a gente janta, toma uma bebidinha e termina a noite com
aquele esqueminha que temos feito nas últimas três noites, ok?
GILBERTO: Safado!
(e entra no carro)
Corta para o Teatro Nacional. Gilberto fica admirado
com a beleza do ambiente. Reynaldo se diverte com a ingenuidade dele.
Os dois assistem à peça. Às vezes
Gilberto se volta para Reynaldo com expressão de quem não tá entendendo nada.
Quando dá, Reynaldo lhe explica bem baixinho. Quando não, apenas sorri sem
malícia.
Na saída do teatro...
REYNALDO: E
aí, gostou do passeio?
GILBERTO: Olha,
gostar eu gostei. É tudo muito bonito. Mas pra falar a verdade eu não entendi
muita coisa não... É muito complicado aquilo... Aquele povo fala umas palavras
que eu nunca ouvi antes...
REYNALDO: É
assim mesmo. Agora você já ouviu... Quando ouvir de novo, vai se lembrar. No
começo é meio complicado, mas depois de algum tempo você vai se acostumando.
Essa peça é de Shakespeare, um grande
autor, não é pra qualquer um não...
GILBERTO: Eu
já ouvi falar dessa cara, mas não sabia que ele era tão inteligente assim não...
Reynaldo apenas ri. Ele está
simplesmente encantado pela pureza e a simplicidade de Gilberto.
Célia chega em casa e encontra seu
marido de cara feia.
DIÓGENES: Por
onde a senhora andou, dona Célia? O que houve pra senhora deixar a família toda
à mesa esperando pra jantar?
Continua amanhã...
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Você sabia?
Quanto
às pesquisas neuro-bioquímicas, os seus críticos indicam que "existe o
risco de alguns pesquisadores estarem, na verdade, procurando uma forma de
'curar' tal comportamento, seja mapear o que gera o desejo homossexual, para
depois convertê-lo em desejo heterossexual". Nesse contexto um dos
exemplos marcantes foi a teoria desenvolvida por Magnus Hirschfeld a respeito
da homossexualidade. Hirschfeld defendia a teoria de que a homossexualidade era
nata e não modificável, explicada por diferenças de natureza hormonal. A teoria
de Hirschfeld, que foi um grande ativista, buscando veementemente a derrubada
do Parágrafo 175 na Alemanha pré segunda guerra foi polemizada por Freud em seu
livro Three Essays on the Theory of Sexuality (1905).
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