No capítulo anterior...
- Vanilda desconfia de Joana por causa dos
presentes que ganhou de Célia
- Reynaldo leva Gilberto a uma sauna e ele se
admira com as práticas do local
- Gilberto tem vergonha de tirar a roupa,
depois estranha o calor e o cheiro do ambiente
- Em seguida se surpreende com a sala de
relaxamento e as cabines privadas
- Reynaldo convence a entrar em uma cabine
com ele
CAP. 150
Pouco à vontade com o novo
ambiente, aos poucos Gilberto vai vencendo a timidez e se entrega aos carinhos
de Reynaldo. Os dois acabam tendo uma ardente transa.
Bebel se prepara para trabalhar
novamente. Lorraine entra no quarto.
LORRAINE: Está
mesmo disposta a voltar a fazer avenida?
BEBEL: Já.
O susto já passou. Só uma feridinha de nada no joelho.
LORRAINE: Mas
fique atenta. Todo cuidado é pouco. As travestis ficam vulneráveis na rua, são
alvos fáceis para esses miseráveis que não têm o que fazer.
BEBEL: Eu
tomarei cuidado, pode deixar.
LORRAINE: Qualquer
coisa me liga.
Logo em seguida, Bebel apanha
sua bolsa e sai.
No Setor Comercial Sul ela reencontra as amigas que a salvaram. As outras travestis se alegram com a sua
volta.
Bernardo se apronta para sair,
dá os últimos retoques no cabelo, na maquiagem, todo animado. Quando passa pela
sala dá de cara com o pai.
JUAREZ: Aonde
você vai vestido assim?
BERNARDO: Vou
à boate pai, divertir um pouquinho.
JUAREZ: Que
roupas são essas Bernardo?
BERNARDO: São
as roupas que comprei esses dias.
JUAREZ: Eu
tô dizendo que essas roupas são de mulher, não são adequadas pra um rapaz feito você. Será
possível!
BERNARDO: Pai,
deixa de ser careta! Essas roupas são unissex tá? São as roupas da moda, tá
todo mundo usando... Ai que coisa mais antiga!
JUAREZ: Depois,
a hora que arrumar problema aí pela rua, não vem chorar no meu ombro não...
BERNARDO: Tá
bom, pai. Vou chorar em outro lugar, pode deixar (e vai saindo sem dar muita
importância)
JUAREZ
(para Lourdes): esse menino comprou essas roupas esquisitas e você não falou
nada? Porque permitiu uma coisa dessas?
LOURDES: Eu
não permiti nada. Ele chegou aqui com a sacola debaixo do braço e nem me deu
satisfação. Aliás, falou as mesmas coisas que falou pra você: que são coisas da
moda, que todo mundo tá usando, que eu é que sou careta, essas baboseiras
todas...
AIRTON
(entrando na sala): Acho bom vocês se ligarem na missão. O Bernardo tá
aboiolando cada vez mais.
JUAREZ: Como
assim, o que você tá querendo dizer com isso?
AIRTON: O
Bernardo tá cada vez mais pra lá do que pra cá. Tá virando uma bichona! Vocês
não percebem isso?
LOURDES: Via
essa boca pra lá, menino! Isso é jeito de falar do seu irmão?
AIRTON: Mãe,
só não vê quem não quer. O cara tem cabelo grande, pintado de ruivo, usa
brinco, passa batom, agora tá usando essas blusinhas de mulher, essas calcinhas
coladas, coloridas. Não pega mulher... Aliás, vocês já viram o Bernardo falando
de mulher? (antes da resposta) Não viram! E nem vão ver! Por um motivo muito
simples: ele não é chegado. Vocês precisam cair na real. O Bernardo é gay!
LOURDES: Deus
me livre! Bate nessa boca!
JUAREZ: Será?
Não é possível! Eu pensava que essas palhaçadas dele era só pra chamar a nossa
atenção...
AIRTON: Pai,
o pior cego é aquele que não quer ver! O Bernardo é fruta! Aliás, ele falou
isso lá na ceia de Natal no Recife, lembram? Eu não sei porque vocês insistem
em ficar varrendo a verdade pra baixo do tapete.
JUAREZ: É
muito difícil aceitar uma coisa dessas. Eu prefiro acreditar que ele tenha
feito aquilo apenas para nos afrontar, para dar seu grito de independência.
AIRTON: Qualquer
dia desses, ele vai chegar aqui em casa e vai te apresentar um genro. Vai por
mim. (e sai)
LOURDES: Não
é possível! A gente cria um filho com todo o carinho, com todo o trabalho, pra
depois acontecer uma coisa dessas...
JUAREZ: Às
vezes eu me pergunto: onde foi que eu errei?
Os dois ficam se questionando,
incrédulos.
Depois de tarde de relaxamento,
Reynaldo e Gilberto saem da sauna.
REYNALDO: E
aéi, gostou da sauna?
GILBERTO: Gostei.
Muito diferente do que eu imaginava, mas é interessante.
REYNALDO: Vai
querer voltar outras vezes?
GILBERTO: Com
certeza. Mas estou muito cansado, o corpo mole. Agora só quero cama...
REYNALDO: Mas
já? A noite tá só começando... Pensei que a gente iria aproveitar mais, esticar
até a boate, dançar um pouco...
GILBERTO: Não
tenho energia pra isso não... Agora só quero dormir...
REYNALDO: Bom,
então, já que você quer dormir, eu quero te fazer um convite. O que você acha
de dormir comigo lá no hotel esta noite?
Gilberto fica pensativo.
Continua segunda-feira...
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Você sabia?
Nos
dias de hoje, diversos fatores indicam que biologicamente a sexualidade humana
seria um tanto bissexual. No entanto a influência do contexto cultural e das
experiências pessoais é maior no desenvolvimento da orientação sexual. A
homossexualidade, a heterossexualidade e a bissexualidade são possibilidades
"biologicamente normais" do desenvolvimento.
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