No capítulo anterior...
- Dadinho tem uma crise de ciúmes e maltrata
Adriano. Gilberto fica contrariado
- Insatisfeito Dadinho confessa que sempre
foi afim de Gilberto
- A discussão prossegue e Gilberto manifesta
sua intenção de ir embora
- Dadinho se descontrola e ofende Gilberto
com palavras pesadas
CAP. 94
GILBERTO: Terminou?
Gastou todo o seu vocabulário de ofensas?
DADINHO: Acho
que por enquanto sim.
GILBERTO: Então
tá bom. Me dá licença (e sai)
Gilberto vai ao quarto e arruma
todas as suas coisas na mochila. Na passagem pela sala, Dadinho se assusta.
DADINHO: Cara,
mas o que é isso? Você vai embora mesmo?
GILBERTO: Pelo
visto você não conhece nada de mim. E nem vai conhecer, porque eu tô indo
embora, agora.
DADINHO: Não
faz isso, cara, me desculpa. Eu falei sem querer, sem pensar... Não era minha
intenção te magoar.
GILBERTO: Não,
não, não... Você falou porque queria falar e pensou muito bem. Só que você
zombou do cara errado. Eu sou pobre, sou coitado, mas não sou tapete pros
outros ficar limpando os pés não. A pessoa me pisou, é uma vez só.
DADINHO: Cara,
para com isso. Não precisa apelar desse jeito...
GILBERTO: Diferente
de você, eu não vou falar palavras ofensivas. Vou te agradecer por ter me
recebido aqui, pelo tempo que a gente passou junto na escola e por tudo que
você fez por mim. Obrigado mesmo. Mas agora é cada um pro seu lado. Até mais.
Tchau. (e sai)
Dadinho começa a chorar e
implora para que Gilberto volte, mas ele apenas dá as costas e se retira.
No Recife, a noite está quase
caindo quando Bernardo se aproxima de casa.
BERNARDO
(para si mesmo): Ai meu Deus! E agora? O que eu vou fazer? Meu pai deve me dar
o maior esporro. Minha mãe vai me encher de pergunta e vai porque vai querer saber
onde eu passei a noite. Eu conto ou não conto? O xarope do Airton vai curtir
com a minha cara, tenho certeza. E o boca aberta do Gerson vai pegar carona. A
fofoqueira da Simone vai ficar de butuca e vai correr pra contar tudo pra minha
mãe. E a vovó? Será que ela foi embora? Ai meu Deus! Que vergonha! Eu não devia
ter falado aquelas coisas na frente dela... Agora ela não vai mais gostar de
mim.
Em frente de casa ele para e
pensa um pouco, hesita, pensa em voltar. Mas toma coragem.
BERNARDO: Não,
eu tenho de encarar. Não foi pra isso que eu rasguei o verbo pra todo mundo?
Pra me libertar desse medo? Então tenho de meter as caras e encarar a todos.
Seja o que Deus quiser! (e entra)
Juarez e Lourdes estão na sala
vendo TV e para sua surpresa, ninguém fala nada. Apenas o observam, mas não
dizem uma palavra. Bernardo entra no quarto e a cena se repete: Gerson e Airton
também não perguntam nada.
Bernardo pega uma toalha no
armário e entra para o banheiro, mas todo aquele silêncio só faz aumentar a sua
angústia e o seu medo.
BERNARDO: Meu
Deus! Ninguém falou nada! Será que aceitaram tudo na boa? Será que eles já
sabiam de tudo e eu era o único tolinho que pensava que ninguém sabia de nada?
Ou o que é pior: será que vão me botar pra fora, me expulsar de casa de uma vez
por todos? Ai meu Deus! Se isso acontecer, pra onde eu vou? O que eu vou fazer
da minha vida?
Ele passa o banho apreensivo.
Um milhão de coisas passam pela sua cabeça, desde as mais simples às mais
absurdas.
Em Ipatinga, Gilberto retorna
para o hotel onde morava antes de dividir aluguel com Dadinho.
RECEPCIONISTA: Uai, Gilberto, não aguentou ficar longe da
gente?
GILBERTO: Então,
voltei, mas vai ser por uma noite ou duas só. Eu me desentendi lá com o colega
onde fui morar. Vou ter de passar um tempinho aqui até arrumar outro lugar pra
ficar.
RECEPCIONISTA: Seja bem vindo. A casa é sua. Seu velho
quartinho está desocupado. Parece que tava à sua espera. Aqui a chave. (e lhe
entrega)
GILBERTO: Bom
saber disso. Aqui me sinto mais em casa.
No quarto, Gilberto joga
mochila em cima da cama, senta, e fica pensando a vida.
GILBERTO
(para si mesmo): E agora, o que eu faço da vida? Pra onde eu vou? Será que eu
agi certo saindo da casa do Dadinho? Não teria sido melhor se eu tivesse sido
mais humilde e aguentado um pouco mais? E agora, se eu não arrumar outro lugar
pra ficar?
As dúvidas dominam os seus
pensamentos...
A noite cai.
Em Blumenau, Ricardo sai do
banho, enrolado apenas na toalha. Nisso a campainha toca.
RICARDO
(surpreso): Outra vez?
JOANA: Eu
sou insistente, não te falei?
RICARDO: Ô
garota, meu diz uma coisa: afinal de contas, o que você quer mim?
JOANA: Quero
transar com você.
RICARDO: O
quê?
Continua amanhã...
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Você sabia?
No
entanto, estudos realizados por J. Michael Bailey e K.J. Zucker revelaram que a
maioria dos relatórios gays e lésbicos em gênero reportam um
"não-gênero" durante seus anos de infância. Richard C. Friedman, em
seu "Homossexualidade Masculina" publicado em 1990, escrito a partir
de uma perspectiva psicanalítica, argumenta que o desejo sexual começa mais
tarde do que os escritos de Sigmund Freud indica, não na infância, mas entre as
idades de 5 e 10 anos e não é focado numa figura da mãe, mas dos pares. Como
consequência, raciocina, os homossexuais não são anormais, uma vez que nunca
foram sexualmente atraídos por suas mães.
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