No capítulo anterior...
- Depois de esperar por mais de 01 hora,
Gilberto vai à casa de Romero
- O carro não está na garagem, mas ainda
assim ele aguarda por mais 01 hora
- Joaquim conta a Xantara que pretende
continuar em Belém por algum tempo
- Lourdes questiona Juarez se o Exército é a
melhor alternativa para Bernardo
- Joaquim resolve atender um cliente no
alpendre de casa, mas são surpreendidos por Ronaldo
CAP. 115
RAPAZ
(atordoado): Êh Bebel! Eu te falei que esse negócio não ia dar certo! Eu vou é
me mandar!
RONALDO: Não
vai não seu sem vergonha! Deixa eu te quebrar no pau primeiro!
Rapidamente Ronaldo apanha um
pedaço de pau no chão e parte para cima do rapaz, que corre e consegue fugir.
Ronaldo então se volta para o filho.
RONALDO: Maldito!
Sua mãe devia ter te deixado lá no quinto dos infernos aonde você tava! Não
tinha nada de te trazer pra cá, pra fazer putaria na minha casa!
JOAQUIM (implorando):
Pai! Por favor, não me bate. Não me machuca!
RONALDO: Ordinário!
Já não cansei de te falar que a minha casa não é cabaré?
Ele parte pra cima de Joaquim e
consegue lhe acertar algumas bordoadas.
RONALDO: Você
quer fazer as suas baixarias, que vá fazer lá no inferno! Na minha casa não que
aqui não é puteiro!
JOAQUIM: Desculpa,
pai, eu errei. Mas isso não vai acontecer de novo.
RONALDO: Não
vai mesmo! Porque você vai sumir daqui de uma vez por todas! Cabra safado!
Boiola do cão!
Nisso Helena chega correndo ao
ouvir a gritaria.
RONALDO: Tá
vendo no que deu a sua ideia de trazer esse miserável pra casa? Tá vendo? Eu
não te falei?
HELENA: Homem
de Deus! Quê que tá acontecendo aqui?
RONALDO: O
seu filhinho querido, que você foi buscar lá no quinto dos infernos, tava de
safadeza com outro cabra safado. Aqui! Aqui na porta da nossa casa! Daqui uns
dias vai poder botar a luz vermelha aqui e cobrar, porque pra um cabaré não vai
faltar nada!
HELENA
(para Joaquim): Meu filho, isso é verdade? Não é possível que você fez uma
coisa dessas!
JOAQUIM: Eu
pensei mãe... Eu pensei que tava todo mundo dormindo...
HELENA: Mas
nem que tivesse, criatura! Você não tem juízo nessa cabeça? Ô meu Deus! Quando
é que você vai tomar juízo, menino?
RONALDO: Vai
tomar juízo quando eu quebrar a cabeça dele no porrete. Esse cabra safado! Eu
não criei filho pra ser vagabundo não, ô sua coisa esquisita!
HELENA: Ronaldo,
para! Chega! Você já deu o corretivo nele, agora chega.
RONALDO: Ah!
Eu não acredito! Agora você vai defender o sem vergonha de novo?
HELENA: Eu
não tô defendendo. Só tô querendo dizer que essa não é a maneira certa de
resolver as coisas. Não é pancada que resolve as coisas, homem. Esse tempo de
resolver as coisas na pancada já passou, criatura.
RONALDO: Quer
saber? Eu tô cansado de ser o errado nessa casa! Pelo visto você vai passar o
resto da vida acobertando as safadezas desse sem-vergonha. Eu não tô a fim de
virar motivo de esculhambação da vizinhança não! Você escolhe: ou eu ou o
safado do seu filho.
HELENA (corrigindo):
Nosso filho... Nosso filho.
RONALDO: Nosso
não, seu! Ele deixou de ser meu filho desde que escolheu esse caminho de
safadeza e libertinagem.
HELENA: Pois
bem, se você me obrigar a fazer uma escolha dessas, talvez a minha escolha não
vai te agradar muito.
RONALDO: Pois
eu quero que você escolha agora! Ou ele ou eu.
HELENA: Eu
gosto muito de você meu marido e não tinha a intenção de me separar de você
nunca, porque eu jurei na frente do padre. Mas se você me obrigar a escolher
entre você e meu filho, eu sou obrigada a escolher o meu filho. Eu te amo
muito, mas ele é sangue do meu sangue. É com ele que eu quero ficar.
JOAQUIM
(apurado): Não mãe! Ele é seu marido! É com ele que a senhora tem de ficar. Eu
tô errado, eu que sou o problema nessa família. Eu vou embora, não tem o menor
problema. Eu saio, eu sumo no mundo.
HELENA: Foi
ele que me obrigou meu filho. A minha decisão tá tomada.
Joaquim abraça a mãe. Ronaldo
continua inconformado.
RONALDO: Se
é assim, vou ali fazer a minha mala e hoje mesmo eu volto pra casa da minha
mãe. Já que vocês dois são dois safados, é um acobertando o outro, que fiquem
juntos!
HELENA: Você
como sempre falando besteira, homem! Agora eu sou safada? Que dia eu te
desrespeitei? Desde o dia que a gente casou, eu trabalhei feito condenada pra
te ajudar, pra cuidar dos nossos filhos. Que dia alguém abriu a boca pra falar
alguma coisa sobre o meu comportamento? Que dia?
RONALDO: Nunca.
Ninguém nunca falou nada. Mas depois que esse aí virou a cabeça, parece que
você virou também. Eu não te reconheço mais! Quer saber? Eu não vou ficar aqui
batendo boca porque isso não vai dar em nada. Eu vou é embora (e entra
apressado)
Joaquim corre para a mãe.
JOAQUIM: Mãe,
não deixa ele ir embora. Vai lá! Fala para ele que eu vou embora. Fala pra ele
que nunca mais eu boto os pés aqui se ele não quiser.
HELENA: Meu
filho, a ideia foi dele. Não foi ele que me obrigou a escolher? Então eu
escolhi. Ninguém nunca deve obrigar uma mãe escolher entre um filho e qualquer
outra coisa, porque ela sempre vai escolher o filho, por mais errado que ele
seja. Quando alguém obriga uma mãe a fazer uma escolha dessas, é porque já sabe
da resposta. Na verdade ele quer uma desculpa pra fazer a coisa, entende?
JOAQUIM: Mãe,
mas é o seu marido. Você precisa dele pra sustentar a casa. E os meus outros
irmãos como é que vão ficar?
HELENA: Eu
sempre trabalhei pra ajudar no sustento da casa. Não foi assim? Então assim
será de agora pra frente.
Nisso Ronaldo sai, nervoso, terminando
de enfiar as roupas na mochila.
RONALDO: Depois
eu passo aí pra pegar o resto das roupas e as minhas ferramentas.
JOAQUIM
(chorando, desesperado): Pai! Por favor! Não faz isso com a minha mãe não! Eu
vou embora, o senhor fica. Por favor! Não deixa a minha mãe!
Continua amanhã...
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Você sabia?
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