No capítulo anterior...
- Helena chora ao saber que Joaquim roubou o
notebook do irmão
- Joaquim tenta se explicar com Xantara e
avisa que vai embora de Belém
- Jussara inventa uma desculpa para se
esquivar de Joana, mas Célia aparece e desmente a filha
- Bernardo chega ao quartel e os rapazes
zombam dele, do seu jeito de andar e do seu cabelo
CAP. 120
Bernardo tenta ignorar,
seguindo em frente, mas o cabo insiste.
CABO: Ei,
cabeludinho! Eu tô falando é com você! Respeita o seu superior, rapaz! Volte
aqui, seu merda!
Bernardo volta pra trás e lhe
dá atenção.
BERNARDO: Pois
não, senhor.
CABO: Eu
tô falando com você, ô marmota! E quando eu falar com você, você presta
atenção! Aqui é “sim senhor”, “não senhor” e “quero ir embora porque sou
frouxo”. No seu caso já deu pra ver que tem cara de frouxo...
Todos riem. Nisso o sargento da guarda chega e intervém.
SARGENTO: Cabo,
deixe o rapaz em paz. (e para Bernardo) Pode ir, rapaz! Mas se prepara, porque
com esse seu jeitinho, sua passagem por aqui não vai ser divertida não... Pode
ir!
Bernardo segue para um galpão
onde estão acontecendo as entrevistas.
Gilberto está em seu quarto, se
trocando para trabalhar. Mas algumas ideias não param de lhe vir à cabeça.
GILBERTO: Puxa!
Eu podia ligar pro Romero... Eu falei que ia ligar naquele dia. Ele deve estar
esperando a minha ligação...
Ele pega o celular, disca os
números, mas desiste.
GILBERTO: Será
que eu devia ouvir os conselhos do Joel e não ligar? Mas aquele cara é tão
negativo... Ele vê malícia em tudo em todos... Por outro lado, ele pode ter
razão. E se o cara tá só me fazendo de otário mesmo? Não sei... Ai que dúvida!
(pensa) Quer saber? Vou ligar.
Ele disca os números de novo,
mas perde a coragem de falar.
GILBERTO: Vou
esperar mais um pouco. É isso.
Joana chega em casa, entra no
quarto, e Renata quer logo saber as novidades.
RENATA: E
aí, como foi o papo lá com a sua amiga?
JOANA: não
foi...
RENATA: Mas
vocês não saíram pra almoçar? A mamãe falou que você tinha saído pra almoçar com
elas...
JOANA: Saímos,
mas não tivemos oportunidade de conversar a sós. A Célia ficou na cola o tempo
todo. Estranho... A coroa é mais amiga minha que a Jussara. Não sei porque
aquela mulher gosta tanto de mim...
RENATA: Curioso
mesmo. Mas você não conseguiu descobrir nada?
JOANA: Uma
coisa deu pra perceber: a Jussara tá muito diferente comigo. Tava quieta, falou
pouco, não me deu muita atenção... Alguém deve ter falado alguma coisa de mim...
Sem falar nas desculpas esfarrapadas que ela tentou inventar...
RENATA: Que
desculpas?
JOANA: Eu
tinha chamado ela pra ter aquela conversa que te falei, só que umas três coisas
que eu propus, ela sempre inventava alguma desculpa pra não ir. A Célia que
chegou de última hora e desmentiu tudo...
RENATA: Estranho
mesmo...
JOANA: Mas
pode deixar... Eu pego a Jussara na reta. Ela vai ter de me contar essa
história direitinho. E o cretino que falou alguma coisa de mim, vai se ver
comigo!
Bebel tenta arrumar uma carona
no posto de gasolina.
CAMINHONEIRO: É o seguinte, boneca: eu tô indo pra Belo
Horizonte. Se servir, eu te levo até lá. Vou pegar a estrada antes de
anoitecer. É um bom pedaço do seu caminho. De lá você arruma outra carona ou
pega um ônibus.
BEBEL: Serve
sim. Tudo que eu quero é ir embora logo.
CAMINHONEIRO: Olha, mas tem uma coisinha: você vai ter de
fazer uma graça pra mim aí nessas estradas. Sabe como é, o caminho é longo,
caminhoneiro fica muitos dias na seca, sem ver mulher... E com você junto
comigo eu não vou ter jeito de arrumar nada...
BEBEL: Eu
entendo. Quanto a isso o senhor pode ficar despreocupado.
CAMINHONEIRO: Senhor não... Pode me chamar de “meu macho”.
BEBEL: Ah,
desculpe, eu não quis te chamar de velho.
CAMINHONEIRO: Vamos embora então, minha boneca? Entra aí
que eu vou só ali pegar um papel e a gente já pega a estrada.
Bebel entra no caminhão,
acomoda sua mochila.
BEBEL
(respira fundo): São Paulo, aqui vou eu de novo! E dessa vez, pra ficar!
Continua segunda-feira...
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Você sabia?
No
Brasil, atualmente, para efeitos de cálculos governamentais, a população LGBT é
estimada em 10% da população, ou seja, aproximadamente 20 milhões de pessoas.