31 de mar. de 2012

GLS TEEN - CAP. 120



No capítulo anterior...
- Helena chora ao saber que Joaquim roubou o notebook do irmão
- Joaquim tenta se explicar com Xantara e avisa que vai embora de Belém
- Jussara inventa uma desculpa para se esquivar de Joana, mas Célia aparece e desmente a filha
- Bernardo chega ao quartel e os rapazes zombam dele, do seu jeito de andar e do seu cabelo

CAP. 120

Bernardo tenta ignorar, seguindo em frente, mas o cabo insiste.

CABO: Ei, cabeludinho! Eu tô falando é com você! Respeita o seu superior, rapaz! Volte aqui, seu merda!

Bernardo volta pra trás e lhe dá atenção.

BERNARDO: Pois não, senhor.
CABO: Eu tô falando com você, ô marmota! E quando eu falar com você, você presta atenção! Aqui é “sim senhor”, “não senhor” e “quero ir embora porque sou frouxo”. No seu caso já deu pra ver que tem cara de frouxo...

Todos riem. Nisso o sargento da guarda chega e intervém.

SARGENTO: Cabo, deixe o rapaz em paz. (e para Bernardo) Pode ir, rapaz! Mas se prepara, porque com esse seu jeitinho, sua passagem por aqui não vai ser divertida não... Pode ir!

Bernardo segue para um galpão onde estão acontecendo as entrevistas.

Gilberto está em seu quarto, se trocando para trabalhar. Mas algumas ideias não param de lhe vir à cabeça.

GILBERTO: Puxa! Eu podia ligar pro Romero... Eu falei que ia ligar naquele dia. Ele deve estar esperando a minha ligação...

Ele pega o celular, disca os números, mas desiste.

GILBERTO: Será que eu devia ouvir os conselhos do Joel e não ligar? Mas aquele cara é tão negativo... Ele vê malícia em tudo em todos... Por outro lado, ele pode ter razão. E se o cara tá só me fazendo de otário mesmo? Não sei... Ai que dúvida! (pensa) Quer saber? Vou ligar.

Ele disca os números de novo, mas perde a coragem de falar.

GILBERTO: Vou esperar mais um pouco. É isso.

Joana chega em casa, entra no quarto, e Renata quer logo saber as novidades.

RENATA: E aí, como foi o papo lá com a sua amiga?
JOANA: não foi...
RENATA: Mas vocês não saíram pra almoçar? A mamãe falou que você tinha saído pra almoçar com elas...
JOANA: Saímos, mas não tivemos oportunidade de conversar a sós. A Célia ficou na cola o tempo todo. Estranho... A coroa é mais amiga minha que a Jussara. Não sei porque aquela mulher gosta tanto de mim...
RENATA: Curioso mesmo. Mas você não conseguiu descobrir nada?
JOANA: Uma coisa deu pra perceber: a Jussara tá muito diferente comigo. Tava quieta, falou pouco, não me deu muita atenção... Alguém deve ter falado alguma coisa de mim... Sem falar nas desculpas esfarrapadas que ela tentou inventar...
RENATA: Que desculpas?
JOANA: Eu tinha chamado ela pra ter aquela conversa que te falei, só que umas três coisas que eu propus, ela sempre inventava alguma desculpa pra não ir. A Célia que chegou de última hora e desmentiu tudo...
RENATA: Estranho mesmo...
JOANA: Mas pode deixar... Eu pego a Jussara na reta. Ela vai ter de me contar essa história direitinho. E o cretino que falou alguma coisa de mim, vai se ver comigo!

Bebel tenta arrumar uma carona no posto de gasolina.

CAMINHONEIRO: É o seguinte, boneca: eu tô indo pra Belo Horizonte. Se servir, eu te levo até lá. Vou pegar a estrada antes de anoitecer. É um bom pedaço do seu caminho. De lá você arruma outra carona ou pega um ônibus.
BEBEL: Serve sim. Tudo que eu quero é ir embora logo.
CAMINHONEIRO: Olha, mas tem uma coisinha: você vai ter de fazer uma graça pra mim aí nessas estradas. Sabe como é, o caminho é longo, caminhoneiro fica muitos dias na seca, sem ver mulher... E com você junto comigo eu não vou ter jeito de arrumar nada...
BEBEL: Eu entendo. Quanto a isso o senhor pode ficar despreocupado.
CAMINHONEIRO: Senhor não... Pode me chamar de “meu macho”.
BEBEL: Ah, desculpe, eu não quis te chamar de velho.
CAMINHONEIRO: Vamos embora então, minha boneca? Entra aí que eu vou só ali pegar um papel e a gente já pega a estrada.

Bebel entra no caminhão, acomoda sua mochila.

BEBEL (respira fundo): São Paulo, aqui vou eu de novo! E dessa vez, pra ficar!

Continua segunda-feira...


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Você sabia?

No Brasil, atualmente, para efeitos de cálculos governamentais, a população LGBT é estimada em 10% da população, ou seja, aproximadamente 20 milhões de pessoas.

30 de mar. de 2012

GLS TEEN - CAP. 119



No capítulo anterior...
- Pâmela encoraja Bernardo a se apresentar no Exército
- Joel alerta Gilberto que Romero pode estar mentindo, mas ele não acredita
- Bebel conta a Xantara o problema que teve em casa e lamenta o ocorrido com a mãe
- Romeu, o irmão de Joaquim, dá falta de seu notebook que foi deixado sobre a mesa

CAP. 119

HELENA: Antes de deitar eu vi o notebook em cima da mesa. Não tá mais lá?
ROMEU: Não. Não tá. Já procurei por tudo quanto é lado e nada!

Helena pensa um pouco e mal pode acreditar na conclusão a que chega.

HELENA: Não é possível! Não acredito que o Joaquim foi capaz de fazer uma coisa dessas!
ROMEU (irritado): Não acredito que aquele miserável passou a mão grande no meu computador! Onde aquele infeliz foi? Eu vou quebrar ele na porrada!
HELENA: Meu Deus! Esse menino! Quando eu penso que ele já aprontou todos que podia aprontar, ele apronta mais uma!
ROMEU: Onde ele foi, mãe? Onde ele foi? Vou atrás dele e vou fazer ele dar conta do meu computador de volta!
HELENA: Eu não sei. Ele fugiu, oras! Fugiu, sabe Deus pra onde...
ROMEU: E eu? Como é que eu fico nessa história?
HELENA: Filho, se acalme. A mãe te ajuda a comprar outro computador. Agora não adianta chorar o leite derramado.
ROMEU: Eu arrebento a cara daquele infeliz no dia que ele aparecer aqui!
HELENA: Já não disse que eu te ajudo a comprar outro? Então sossega. Mais tarde você vai na loja, vê quanto custa e depois a gente vê como faz.

Romeu se retira indignado. Helena abaixa a cabeça sobre a máquina e chora.

HELENA: Ai meu Deus! Além de um filho perdido, agora ladrão também... Isso é demais pra uma pobre mãe. Onde foi que eu errei? O que foi que eu fiz de errado pra merecer isso, meu Deus?

De volta ao posto de gasolina, Xantara e Bebel continuam a conversar.

XANTARA: Viado! Eu tô boba! Não acredito que você foi capaz de surrupiar o notebook do seu irmão... Você é louca?
BEBEL: Bicha, mas eu precisava de algum dinheiro pra fugir... Imagina eu, na rua, sem dinheiro, sem lugar de ficar, sem nada... Eu tava toda lascada! Na hora foi a única coisa que me veio na cabeça... Vi o notebook lá dando sopa em cima da mesa, ah meu bem, eu não pensei duas vezes. Nhac! Peguei!
XANTARA: Eu o seu irmão, ele não vai detonar quando te encontrar na reta?
BEBEL: Que vai, vai. Mas aí é que tá: eu vou sumir do mapa antes que ele me ache!
XANTARA: Viado, viado! Toma juízo nessa sua cabecinha de merda!
BEBEL: Biba, mas se ponha no meu lugar. Você ia fazer o quê?
XANTARA: É... Eu não tenho nenhuma ideia melhor. Pra falar a verdade, eu não sei o que faria numa situação dessas...
BEBEL: Então... Eu fiz o que era possível. Depois eu trabalho e pago esse notebook pro Romeu. O importante naquela hora era livrar a minha pele. Aliás, eu já passei ele na grana. O aqué tá todo aqui, ó (e mostra) na minha bolsa. Agora só me resta dar no pé.
XANTARA: E você vai pra onde?
BEBEL: Ainda não sei. Mas aqui é que não posso ficar...

Joana aborda Jussara na saída do colégio.

JOANA: Ju, eu tava pensando se a gente não poderia tomar um sorvete hoje mais tarde...
JUSSARA: Hoje não vai dar, eu combinei de sair com as minhas primas. Vamos pra casa da minha tia lá em Sobradinho...
JOANA: E amanhã? Pode ser amanhã também, não tem problema.
JUSSARA: Pois é, amanhã também não vai dar... Eu vou sair com a minha mãe pra fazer umas comprinhas...

Nisso Célia para o carro bem ao lado.

CÉLIA: Joana! Que prazer revê-la! Que dia vamos repetir aquele nosso programa e almoçar no shopping de novo? Que tal hoje? Você poderia ligar pra sua casa e avisar que ia chegar mais tarde... O que você acha?
JOANA: Hoje? Mas a Jussara não vai pra Sobradinho encontrar as primas?
CÉLIA: Sobradinho? Não sei disso não... De onde você tirou isso, Jussara?
JUSSARA (sem graça): Ah mãe, eu não te falei... Eu, a Kate e a Luana combinamos de encontrar lá na casa da tia Graça hoje...
CÉLIA: Mas sua tia Graça foi pra São Paulo no final da semana e só volta na semana que vem...
JUSSARA: Ah é? Nossa, eu não sabia...
CÉLIA: Vamos, Joana, entra aí e vamos almoçar. No caminho você liga pra sua mãe.

Joana entra no carro. Jussara fica visivelmente constrangida com a situação. Joana percebe.

Bernardo chega ao portão principal do quartel. Há um movimento intenso de rapazes chegando, todos em trajes civis, que como ele, vão se apresentar para o processo de seleção.

BERNARDO: Ai meu Deus! Cá estou! Seja o que Deus quiser!

Ele percebe a atitude estranha dos rapazes e dos soldados da guarda, que olham pra ele e sorriem maliciosos por causa do seu jeito de andar, da sua roupa e do seu cabelo, comprido e ruivo.

Nisso o Cabo da Guarda se dirige a Bernardo, falando bem alto, para todos ouvirem.

CABO: Ei, mocinha! Acho que você errou o endereço. A escola de balé fica ali mais pra frente (e mostra)

Todos caem na gargalhada. Bernardo fica constrangido.

Continua amanhã...


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Você sabia?

De acordo com diversas pesquisas já realizadas, a incidência da homossexualidade exclusiva variam de 1 a 20% da população, normalmente concluindo que há um pouco mais de homossexuais masculinos do que femininos.

29 de mar. de 2012

GLS TEEN - CAP. 118



No capítulo anterior...
- Helena lamenta a perda do marido e filho, mas resolve seguir em frente
- Gilberto enfim consegue falar com Romero, mas ele se irrita
- Romero inventa a história de uma tia doente e Gilberto acredita
- Joana comenta que Jussara está arredia com ela e sua irmã desconfia
- Bernardo liga para Pâmela e confessa que está com medo de se apresentar no Exército

CAP. 118

PÂMELA (passeando pela praia): Bê, querido, esse será apenas mais um dos muitos desafios que você enfrentou, só isso. Vai lá, com fé, e pegue o boi pelo chifre. Logo você se acostumará com o meio militar...
BERNARDO: Sinceramente, preferia pular esse desafio. Aqueles homens são muito brutos, muito ignorantes. Eu fui criado cercado de militares, sei bem como é esse pessoal...
PÂMELA: Eu queria muito te ajudar, meu caro, mas acho que esse é um desafio que só você pode vencer... Mas, por outro lado, pare de sofrer por antecipação. Deixe as coisas acontecerem.
BERNARDO: Está bem, vou tentar me lembrar dos seus conselhos quando estiver lá. Beijos. (e desliga)

No seu quarto, Gilberto conta a Joel todo o episódio do sumiço de Romero.

JOEL: E você acreditou nessa historinha que ele contou?
GILBERTO: Acreditei, oras. Porque ele haveria de mentir pra mim?
JOEL: Gilbertina, deixa de ser ingênua bichinha! O cara te fez de trouxa e você ainda tá ainda acreditando na patacoada dele?
GILBERTO: Porque você tem tanta certeza disso? Você sabe de alguma coisa que eu não sei?
JOEL: Não, Gilda! Eu não sei de nada. Mas tá na cara que esse Romero tá te fazendo de otário! Essa desculpa de levar tia em médico é mais velha do que andar pra frente. Só uma pessoa ingênua como você pra acreditar numa mentira dessas...
GILBERTO: Eu não sei, mas eu não consigo ver as coisas com essa maldade que você vê... Não entendo por que motivo o Romero iria mentir pra mim. Se ele não quisesse me levar, era só não me convidar. Ou então, se acontecesse alguma coisa de última hora, era só ter me ligado e dizer que aconteceu um imprevisto. Eu iria entender.
JOEL: Eu já te falei, abre o teu olho, gente de cidade grande é muito diferente. (pausa) Mas eu tô entendendo... Você tá apaixonado por esse cara, por isso que não enxerga a realidade.
GILBERTO: Apaixonado, eu?
JOEL: É. Você tá caidinho por esse cara. Se não a sua fichinha já tinha caído há muito tempo...
GILBERTO: Tá doido? Eu não sou de me envolver assim, tão facilmente, não...
JOEL: E como vocês ficaram depois desse episódio todo?
GILBERTO: Ele disse que não poderia falar porque estava muito cansado. Amanhã vou ligar pra saber como ele está.
JOEL: De jeito nenhum, Gildete! Você não vai ligar pra ele! Faz jogo duro. Se quiser, ele que ligue!
GILBERTO: Mas e se ele não ligar?
JOEL: Se ele não ligar, dane-se! É mais uma prova de que ele tá mentindo e não quer nada com você, sua tonta!
GILBERTO: Mas será que eu devo sair fora assim, sem dizer nada? Acho que devia pelo menos dar uma satisfação...
JOEL: Gilda, eu aposto meus cinco dentinhos da frente como você tá completamente apaixonada por esse salafrário. E te digo mais: você vai sofrer, e muito, nas mãos desse cara se não abrir o teu olho logo.
GILBERTO: Você acha?
JOEL: Eu tenho certeza.

No posto de gasolina, Joaquim (montado de Bebel) e Xantara caminham entre os caminhões enquanto conversam.

XANTARA: Então aquele seu plano de ficar por aqui algum tempo complicou... Se você não vai ficar na casa dos seus pais, vai ficar aonde?
BEBEL: Então, aí é que o bicho pega, mona... Eu não tenho onde ficar aqui. E também nem tô fazendo questão de ficar. Depois da merda que deu lá em casa, depois do problema que eu arrumei pra minha mãe, a minha vontade é de sumir no mundo e nunca mais voltar aqui.
XANTARA: Viado, mas tu deu a maior sopa pro azar! Que ideia foi essa de atender o bofe bem no alpendre da sua casa?
BEBEL: A merda quando tem de acontecer, não tem jeito... Era tarde da noite, a casa tava toda apagada. Como é que eu ia imaginar que o brucutu do meu pai tava no boteco enchendo o chifre e ainda não tinha chegado da rua? Achei que ia ser tudo tranquilo... De repente o brucutu aparece lá, do nada e pegou a gente com a boca na botija. Quer dizer, eu, né?
XANTARA: Ai mona! Só você mesmo pra me aprontar uma presepada dessas... Seu pai pegou a trouxa e se mandou mesmo?
BEBEL: Pois é, essa foi a pior parte da história. Eu tô me sentindo culpadésima por isso... Coitada da minha mãezinha... Ela não merecia isso. Se meteu nessa enrascada toda só pra me defender...
XANTARA: Mas você acha que ele foi embora mesmo? Ou será que só fez um charme e depois volta?
BEBEL: Olha, conhecendo o brucutu com eu conheço, eu aposto minha blusinha de lantejoula como ele não volta de jeito nenhum...
XANTARA: Coitada da sua mãe... Apesar de ser uó, como você diz, pelo menos ele sustentava a casa, né? Agora a responsabilidade vai ficar toda nas costas dela... Seus irmãos trabalham?
BEBEL: Só o mais velho, o Romeu. Ele é mecânico numa oficina mecânica. A Rosa e o Lindomar não trabalham, só estudam.
XANTARA: E a senhora, que é a mais nova, trabalha fazendo avenida?
BEBEL: É, isso mesmo. Digamos que eu sou uma profissional... Do sexo.
XANTARA: E sua mãe é costureira, né? Coitada. Se o seu pai não voltar, ela tá lascada!
BEBEL: E isso não é tudo... Eu fiz outra merda lá que vai deixar a minha mãe irada!

Corta rápido para o quartinho de costura de Helena.

ROMEU (entrando): Mãe, a senhora viu o meu notebook que tava em cima da mesa da sala?

Continua amanhã...


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Você sabia?

Em 1948 e 1953 Alfred Kinsey relatou que cerca de 46% dos indivíduos do sexo masculino tinha "reagido" sexualmente a pessoas de ambos os sexos ao longo de sua vida adulta e que 37% deles tinham tido pelo menos uma experiência homossexual. A metodologia de Kinsey foi criticada. Um estudo mais recente tentou eliminar o viés de amostragem, mas mesmo assim chegou a conclusões semelhantes.