No capítulo anterior...
- Gilberto pede que Romero desça do carro
para que eles possam conversar
- Gilberto começa a desmascarar Romero e
revelar suas mentiras
- Romero tenta negar, mas por diversas vezes
entra em contradição
- Sem saída, Romero resolve ir embora.
Gilberto se sente aliviado
- Lorraine propõe a Bebel que ela fique
morando em Brasília por um tempo
CAP. 139
BEBEL: Morar
aqui em Brasília?
LORRAINE:
É isso mesmo gata.
BEBEL: Não
sei... Na verdade isso nunca me passou pela cabeça... Nem conheço essa cidade
direito...
LORRAINE: E
São Paulo, você conhecia quando foi pra lá a primeira vez? Conhece direito
hoje?
BEBEL: Pra
falar a verdade não...
LORRAINE: Então...
Cidade grande a gente nunca conhece tudo... É assim com todo mundo. Eu tenho
amigos nascidos no Rio de Janeiro que nunca subiram no Cristo Redentor, nem no
bondinho do Pão de Açúcar... Olha, Brasília é uma cidade grande, desenvolvida,
onde rola muita grana. Você pode se dar muito bem aqui... Talvez até melhor que
em São Paulo, onde essa vida de profissional do sexo está muito defasada, todo
mundo só pensa em ir pra lá... A concorrência é muito grande, entende?
BEBEL: É.
Olhando por esse lado você pode ter razão... Problema é que eu não conheço nada
aqui em Brasília, não tenho nem lugar de ficar. E por enquanto estou com uma
merreca de dinheiro que vai acabar em alguns dias.
LORRAINE: Você
pode ficar na minha casa, gata. Eu moro num apartamento razoavelmente grande e
que está praticamente vazio... Não teria problema nenhum em te acomodar lá por
algum tempo...
BEBEL: Puxa!
Você é uma pessoa muito boa. (pensativa) Mas me diga uma coisa: você nem me
conhece direito, porque tá fazendo todas essas coisas por mim?
LORRAINE: Eu
sou uma pessoa vivida. Já vi e vivi muita coisa. Eu sei as dificuldades que as
travestis passam. Além do mais, faço parte de uma ONG, então faz parte do meu
trabalho ajudar. Mas que fique claro: vou te dar uma força por algum tempo, até
você se entrosar na cidade. Depois quero que crie asas, encontre o seu espaço,
o seu trabalho e siga sua vida, ok?
BEBEL: Tudo
bem. Eu entendi direitinho. Nossa! Se você puder me dar essa força, eu agradeço
muito.
LORRAINE: Não
me agradeça. Lembre-que amanhã você terá a obrigação de fazer a mesma coisa por
outra pessoa, om?
BEBEL: Mesmo
assim, muito obrigado.
Nisso o proprietário se
aproxima da mesa, acompanhando do atendente que havia maltratado Bebel.
PROPRIETÁRIO: Com licença senhoras, o Maicon quer falar uma
coisa com as moças.
MAICON
(irônico): Moças é?
PROPRIETÁRIO: Maicon, nós já conversamos. Eu já dei a
chance que você precisava. Agora, ou você pede desculpa pra moça, ou então eu
vou ser obrigado a te mandar pra rua. Agora é com você. Pode escolher.
Maicon hesita, reluta, mas
acaba cedendo.
MAICON: A
Senhorita me desculpe. Eu não agi correto, me desculpe.
PROPRIETÁRIO: Posso ter certeza que isso não vai se repetir
mais aqui no meu estabelecimento?
MAICON: Sim
senhor.
PROPRIETÁRIO (para Bebel): E a moça, está satisfeita com o pedido de
desculpa?
BEBEL: Sim
senhor, eu tô.
LORRAINE
(emendando): Desde que isso não volte a repetir, nós voltaremos ao
estabelecimento e até indicaremos para outras amigas.
PROPRIETÁRIO: Pode ficar certa: não vai se repetir. E se
acontecer de novo, o Maicon já sabe o que vai acontecer com ele, não sabe
rapaz?
MAICON: Sim
senhor.
PROPRIETÁRIO: Então, se já tá tudo resolvido, eu vou cuidar
dos outros clientes e as moças podem continuar a vontade. (para o funcionário)
Vamos Maicon!
Depois que os dois se
retiram...
LORRAINE: Tá
vendo como é? Se a gente não reagir, ficar calada, eles limpam os pés em nós
como se fôssemos tapetes. É preciso rodar a baiana sempre, exigir respeito e os
nossos direitos.
BEBEL: Puxa!
Você é porreta mesmo!
LORRAINE: Bom,
agora que tá tudo resolvido, vamos lá no posto buscar as suas coisas? Meu carro
tá num estacionamento aqui perto.
BEBEL: Vamos
sim. E mais uma vez, obrigado por tudo. Não sei o que teria acontecido comigo
se não fosse você.
Elas se levantam da mesa e
saem, sob alguns olhares admirados de alguns fregueses da lanchonete.
Joana caminha na área externa
do prédio quando um carro para do seu lado, despertando a sua atenção.
CÉLIA: Oi
Joana! Será que a gente pode dar uma volta e conversar um pouco?
Continua amanhã...
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Você sabia?
“Embora
tenha havido reclamações por grupos políticos conservadores nos Estados Unidos
que esta maior prevalência de problemas de saúde mental entre LGBT é a
confirmação de que a homossexualidade é um transtorno mental em si, não há
qualquer evidência para fundamentar tal afirmação.", garante o Royal College of Psychiatrists, da Inglaterra.
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