30 de abr. de 2012

GLS TEEN - CAP. 145



No capítulo anterior...
- Lorraine diz que já sabia que Bebel continuaria a fazer programas e que não tem nada contra
- Lorraine impõe suas regras: não aceita que Bebel receba clientes em sua casa, nem use drogas.
- E também exige que a hóspede auxilie nas tarefas domésticas como forma de compensação
- Joel convida Gilberto para irem à boate. Gilberto reluta, mas acaba aceitando
- Chegando à boate, Gilberto é paquerado por um homem muito bonito

CAP. 145

GILBERTO: Nossa! Será que o bonitão tá mesmo olhando pra mim?
JOEL: Você não tá vendo, Gilbertina, que ele não tira os olhos de você? Ai, como você é lesada! Bicha burra devia nascer hetero, sabia?

Gilberto esboça um sorriso tímido e o rapaz corresponde.

Já do lado de dentro, na pista de dança, a troca de olhares e sorrisos continua. Mas Gilberto permanece estático em seu lugar.

JOEL: Gilda, eu vou dar uma voltinha pro cara chegar em você, ok?
GILBERTO: Não, cara, fica aqui. Eu tô sem graça.
JOEL: Deixa de ser tonto! Eu vou sair fora e ele vai se aproximar e puxar papo com você, só isso. Fui! (e se retira)

Pouco depois Reynaldo se aproxima.

REYNADO: Seu namorado é ciumento?
GILBERTO: Quem?
REYNALDO: Aquele rapaz que tá junto com você. Não é seu namorado?
GILBERTO: Não. Somos só amigos mesmo...
REYNALDO: Amigos mesmo? Posso ficar tranquilo então?
GILBERTO: Pode. Ele saiu daqui justamente pra você ficar mais à vontade.
REYNALDO: Garoto experto ele...
GILBERTO: Eu, nem tanto... É a primeira vez que venho num lugar desses. Antes só conhecia de nome...
REYNALDO: Eu gostei de você. Me pareceu um garoto simples, além de muito bonito e atraente, fisicamente falando...
GILBERTO: Como sabe disso tudo?
REYNALDO: Olhando pra você, oras. Essas coisas a gente sente no olhar. Não precisa de exame científico pra comprovar. Você é daqui mesmo?
GILBERTO: Na verdade eu sou de Minas, de uma cidadezinha perto de Ipatinga. Joanésia, já ouviu falar?
REYNALDO: Sinceramente não. Mas a julgar por você, posso dizer que essa cidadezinha deve ter pessoas muito interessantes... Vamos até ao bar? Quero te oferecer uma bebida.
GILBERTO: Não, obrigado. Não precisa.
REYNALDO: Vamos, estou te chamando lá exatamente pra você pegar a bebida das mãos do rapaz do bar, que é pra ter certeza que não tô te dando um “boa noite cinderela”.
GILBERTO: “Boa Noite Cinderela”? O que é isso?
REYNALDO: Pra você ver que não vou colocar nada na sua bebida, entende?
GILBERTO: Ah sim.

Os dois caminham para o bar. De outro ponto da pista de dança Joel os observa. Gilberto está inseguro e receoso, mas Reynaldo está encantado com sua simplicidade e pureza.

No quarto, Bebel dá os últimos retoques na maquiagem para sair, enquanto Lorraine apanha suas bolsas.

LORRAINE: Mona, a senhora aquendou bem aonde é o point de trabalho?
BEBEL: Sim, aprendi direitinho. Não tem erro.
LORRAINE: Ótimo. Vou indo agora que já tô atrasada. Daqui a pouco tá na hora do meu show na boate. Te vejo depois. Beijos.
BEBEL: Beijo.

Lorraine se retira. Bebel termina sua maquiagem e sai.

Mais tarde, Reynaldo e Gilberto se posicionam em lugar de boa visibilidade para assistir ao show de Lorraine na boate. Lorraine entra no palco, sob aplausos efusivos.

LORRAINE: Boa Noite! Eu tô bonita?
TODOS (em coro): Siiiimmmm.
LORRAINE: Eu tô gostosa?
TODOS: Siiiiiimmmmmmm.
LORRAINE: Alguém comia?
TODOS: Siiiiiiiimmmmm.
LORRAINE: Mentira! Ninguém come aqui! Pensa que eu não sei que vocês são todas passivas?

Todos caem na gargalhada...

Depois de mais alguns esquetes, Lorraine dubla algumas músicas, sempre muito aplaudida e ovacionada. Gilberto se deslumbra com o show.

GILBERTO: Nossa! É muito lindo! Se eu soubesse que era legal assim, teria vindo aqui há muito tempo!

Reynaldo, cada vez mais, se encanta com a simplicidade de Gilberto, e até arrisca colocar a mão sobre seu ombro.

REYNALDO: Posso?
GILBERTO: Sim, claro.

Bebel chega ao Setor Comercial Sul, na região indicada por Lorraine. De início, alguns carros passam lentamente, observam, alguns param pra conversar, etc.

Mais tarde, um carro que já dera várias voltas por ali, se aproxima, diminui a marcha dando a entender que pretende parar. Quando Bebel caminha na sua direção, o motorista arranca com o carro bruscamente, cantando pneus e joga o veículo em sua direção.

Bebel fica em pânico.

Continua amanhã...


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Você sabia?

A aplicação adequada de psicoterapia afirmativa baseia-se nos seguintes fatos científicos: homens gays, lésbicas e indivíduos bissexuais podem viver uma vida satisfatória, bem como um relacionamento afetivo e famílias estáveis, que são equivalentes aos relacionamentos heterossexuais em aspectos essenciais.

28 de abr. de 2012

GLS TEEN - CAP. 144



No capítulo anterior...
- Célia deixa Joana em casa e eles combinam de se ver outras vezes
- Dra. Cacilda explica a Bernardo que a cirurgia de mudança de sexo é um processo demorado
- A psicóloga explica que é preciso acompanhamento por, pelo menos, 02 anos antes da cirurgia
- Cacilda conclui que Bernardo ainda é muito novo e que ainda terá muito tempo para refletir
- Lorraine arruma um quarto para Bebel. A travesti pergunta se poderá continuar fazendo programas

CAP. 144

LORRAINE: Não é regra, mas geralmente a maioria das travestis faz programa. Logo, se você continuar a fazer, isso não me surpreenderia.
BEBEL: Melhor assim...
LORRAINE: Eu só tenho duas exigências pra você ficar aqui: a primeira é que você não traga nem seus clientes e nem seus parceiros aqui.
BEBEL: Isso é básico. Nem passou pela minha cabeça trazer... Principalmente depois da confusão que rolou na minha casa lá em Belém...
LORRAINE: Confusão? Que confusão?
BEBEL: Então, eu encontrei um cliente na rua de madrugada, o bofe insistiu e eu tava precisando de aqué, aí resolvi atender lá no alpendre da minha casa. Era tarde da noite, achei que todo mundo tivesse dormindo...
LORRAINE: E aí, o que aconteceu? Acordaram com o os gemidos do bofe?
BEBEL: Não bem, o brucutu do meu pai tava pra rua, enchendo o chofre no boteco, aí ele chegou e pegou a gente no flagra...
LORRAINE: Te desceu o porrete?
BEBEL: Mais que isso. Além de esculachar comigo, ainda separou da minha mãe. Ela tentou me defender e o brucutu acabou saindo de casa...
LORRAINE: Nossa, que barra... Mas você também hein? Deu um mole daqueles...
BEBEL: Mas como eu ia imaginar que o cretino ia aparecer lá naquela hora? Eu não podia adivinhar...
LORRAINE: Bom, continuando... A segunda coisa que eu não permito é que você use drogas. Eu sou totalmente contra o uso de drogas e, podem me achar careta como quiserem, mas não permito que pessoas usuárias vivam debaixo do meu teto. Acho que a droga é um atraso na vida de uma pessoa.
BEBEL: Quanto a isso, fique tranquila. Nunca usei e nem nunca pretendo usar. Minha mãe sempre botou isso na nossa cabeça, desde que pequeno, que droga é o começo do fim na vida de uma pessoa.
LORRAINE: Assim fico mais despreocupada. E a terceira coisa, é que você me ajude nas tarefas da casa, afinal de contas, eu dou um duro danado pra sustentar tudo isso aqui. E como não tenho filha da sua idade, não vai dar pra senhora ficar o dia todo dormindo no sofá, né? A senhora me ajuda nas tarefas da casa?
BEBEL: Sim, claro. Isso é o de menos. Tenho de pagar a hospedagem de alguma forma né?
LORRAINE: Então acho que estamos combinadas. Vamos arrumar as suas coisas?

Lorraine mostra a parte do armário que será destinada às coisas de Bebel.

UM MÊS DEPOIS...

Joel procura Gilberto na portaria do prédio.

JOEL: E aí Gilda, como você tá mulher?
GILBERTO: Me respeita, rapaz! Tá me confundindo com seus amiguinhos é?
JOEL: Para de fazer a difícil, que a senhora é uma mona das mais lesas. Mas, falando sério, já que você tirou os pontos, que a sua mão está ótima agora, o que você acha da gente dá um pulo na boate hoje?
GILBERTO: Não sei... Tenho que ver se não tenho na da mais importante pra fazer.
JOEL: Deixa de bancar o difícil, mona! Vamos lá pra você conhecer e assistir o show da Lorraine. Tenho certeza que ela vai te reconhecer lá e vai ficar muito feliz com a sua visita.
GILBERTO: Eu tenho uma preguiça de ir nesses lugares...
JOEL: Sem mais, mais... Passo aqui às dez pra gente ir. E olha que trato meu não é trato da Romera não... Eu passo mesmo, prometo e cumpro.
GILBERTO: E se ele tiver lá?
JOEL: Problema dele! Não tô nem aí com aquela monete metida à besta. E nem você. Deixa aquela criatura pra lá. Só me falta você dar pirepaque ao ver aquela cretina lá! Se ela tiver lá, o que eu acho bem provável, você ignora solenemente. Se ela te cumprimentar, você responde. Se ela fizer bicão, você faz também. Só isso.
GILBERTO: Eu preferia nem encontrar aquele cidadão...
JOEL: Deixa de bobagem criatura! Vai passar o resto da vida fugindo dela? Deixa de palhaçada! Às dez eu passo aqui. Fui! (e sai)

Horas mais tarde, os dois chegam à boate. Logo no hall de entrada, um rapaz claro, alto, na casa dos 35 anos, não tira os olhos de Gilberto.

Joel chama a sua atenção:

JOEL: Mona, acho que ele gostou de você... Ai meu Deus! Será que vai começar tudo de novo?

Continua segunda-feira...


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Você sabia?

A aplicação adequada de psicoterapia afirmativa baseia-se nos seguintes fatos científicos: a homossexualidade e a bissexualidade são estigmatizadas, e este estigma pode ter uma variedade de consequências negativas como estresse, depressão e baixa autoestima ao longo do ciclo de vida do indivíduo.

27 de abr. de 2012

GLS TEEN - CAP. 143



No capítulo anterior...
- Bernardo conta à psicóloga que nunca se sentiu homem de verdade
- Ele revela experiências da sua infância onde era usado sexualmente por seus colegas
- Bernardo conta ainda que sempre foi rejeitado pelos garotos, mas se identificava com as garotas
- Ele lamenta relações sexuais fugazes, desprovidas de carinho e envolvimento
- Célia se diz surpresa com a atitude de Joana e propõe que encontrem outras vezes para se conhecerem melhor

CAP. 143

JOANA: Se for interessante como foi a nosso conversa hoje, pode chamar que tô dentro!
CÉLIA: Bom saber disso. Eu tinha muito medo da sua reação quando soubesse dessas coisas.
JOANA: Eu sou nova, mas não sou tão burrinha assim... (risos)

Já na porta do condomínio...

CÉLIA: Então posso te chamar pra sair mais vezes?
JOANA: Sim, claro. Se eu tiver livre, aceito na hora.
CÉLIA: Mas tem um detalhe: só peço que isso fique apenas entre nós. Não quero que a Jussara fique sabendo de nada, ok?
JOANA: Por mim tudo bem. Aliás, nem falando comigo mais a Jussara tá...
CÉLIA: Quero que você saiba que foi um passeio muito agradável. Muito melhor do que eu imaginava...
JOANA: Eu também gostei. Agora deixa eu ir, antes que o povo lá de casa dê falta de mim. Até mais.

Joana desce do carro. Célia parte, entusiasmada com tudo que acabara de acontecer.

Bernardo e Cacilda continuam a conversa na sede da ONG.

BERNARDO: Doutora, digamos que eu resolva fazer uma cirurgia de mudança de sexo. Eu já li e descobri em algum lugar que o Sistema único de Saúde até faz esse tipo de cirurgia... eu queria saber como funciona isso.
CACILDA: Olha, não é um procedimento tão simples assim, até mesmo porque mudança de sexo é uma coisa complicada e raramente reversível. Não basta você dizer “eu quero mudar e pronto”. Existe toda uma formalidade a ser cumprida antes da realização da cirurgia.
BERNARDO: Sim, eu sei, mas seu resolver fazer, é porque vou estar convicto de que é isso que eu quero...
CACILDA: Num primeiro momento todo mundo diz isso, mas depois, há casos de pessoas que se arrependem e voltam atrás. Bom, mas vou lhe explicar o procedimento. Funciona assim: a partir do momento que você tiver interesse em fazer a cirurgia, você deverá relatar isso a um médico, em um posto de saúde. Você será encaminhado para o hospital onde as cirurgias são feitas.
BERNARDO (cortando): Mas, rápido assim?
CACILDA: Não... Calma, deixa eu terminar... No hospital você será encaminhado para uma psicóloga, como eu, que fará o seu acompanhamento. Primeiro ela vai solicitar exames clínicos, pra saber se você de fato tem condições de passar pela cirurgia. Depois, de posse desses resultados ela fará o seu acompanhamento psicológico, pra saber se você realmente tá preparado pra fazer a cirurgia, se esse desejo condiz com as suas necessidades, com as suas experiências de vida e assim por diante. Por fim, depois de um longo período de acompanhamento, ela emitirá um parecer, dizendo se tá ou não de acordo com a sua cirurgia. Somente após esse ‘de acordo’ é que a cirurgia será feita.
BERNARDO: Nossa, é um processo demorado então...
CACILDA: Sim. Esse acompanhamento psicológico dura, no mínimo, dois anos. Depois desse período é que a psicóloga dá o seu parecer. E te digo mais: há casos em que ela dá parecer negativo, muitas vezes frustrando a paciente...
BERNARDO: É mesmo? Por quê?
CACILDA: Porque ela conclui que aquela pessoa não está preparada para a cirurgia. Vou te dar dois exemplos bem simples: se a pessoa sente prazer com seu órgão sexual masculino, então não deve fazer a cirurgia. Outro caso típico é quando a pessoa tem algum problema mental, ou usa drogas pesadas. Uma pessoa nessas condições não tem sanidade suficiente pra decidir uma questão da seriedade dessa. Há um sério risco de ela voltar atrás depois, entende?
BERNARDO: Ah sim... Agora eu entendi...
CACILDA: No seu caso, eu te aconselho a refletir mais um pouco, pensar melhor em todas essas coisas que te falei, se é isso mesmo que você quer pra sua vida. Você ainda é muito jovem, muita água ainda pode passar debaixo da ponte. Mas, se esse for, de fato o seu desejo, a ONG pode te auxiliar, pode te orientar onde buscar apoio, consultas, fazer tratamento, etc.
BERNARDO: Puxa! Eu agradeço muito. Por isso que sempre gosto de vir aqui conversar com a senhora. Minha vida mudou depois que eu conheci a Pâmela, lá em Recife, a Lorraine e a senhora aqui em Brasília. Muito obrigado mesmo.
CACILDA: De nada, querido. É o meu trabalho, faço isso com o maior gosto. Quando precisar é só me procurar.
BERNARDO: Mais uma vez, muito obrigado.

Lorraine e Bebel vão ao posto de gasolina e pegam a sua mochila no escritório da transportadora.

ATENDENTE: Pois é moça, seu amigo caminhoneiro deixou um recado dizendo que se perdeu de você lá na rodoviária. Ele não é da cidade e no meio daquela muvuca toda acabou confundindo tudo e perdendo o rumo da lanchonete. Ele até mandou te pedir desculpas.
BEBEL: Sem problemas. Talvez esse tenha sido um mal que veio pra bem. Se eu não tivesse perdido dele, não teria conhecido a minha amiga aqui. Agora mudei de ideia, ao invés de ir pra São Paulo, vou dar um tempo aqui em Brasília. Vou ver o que essa cidade tem de bom. Qualquer hora dessas apareço aqui pra te dar um alô. Valeu pela força. Obrigado.
ATENDENTE: Por nada. Precisando a gente tá aí.

Algum tempo depois, já no apartamento...

LORRAINE: Olha, esse vai ser o seu quartinho. Tá um pouco bagunçado, porque tudo que aparece vou jogando aqui. Mas, depois de uma boa limpeza vai ficar até ajeitadinho. O que você acha?
BEBEL: Pra mim tá ótimo. Muito melhor do que dividir quarto com aquela galera na casa da cafetina lá de São Paulo...
LORRAINE: Aqui a gente é pobre mais é limpinho... (risos)
BEBEL: Mas me diga uma coisa: você sabe que eu não tenho profissão, nem estudo nem nada... Você sabe que eu vou ter de fazer programa pra me sustentar aqui... Eu nem te perguntei, mas, você tem alguma coisa contra?

Continua amanhã...


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Você sabia?

A aplicação adequada de psicoterapia afirmativa baseia-se nos seguintes fatos científicos: a atração sexual pelo mesmo sexo, comportamentos e orientações por si só são normais e positivas variantes da sexualidade humana, em outras palavras, não são indicadores de transtornos mentais ou de desenvolvimento.