No capítulo anterior...
Os pais contam ao psicólogo que desde criança
Bernardo tinha atitudes femininas
Xantara aconselha Joaquim a fazer programas
para conseguir viajar para São Paulo
A mãe e os irmãos reprovam o corte de cabelo
de Joana e ela se irrita
Sem ter como viajar, Boneca propõe que
Gilberto vá morar na sua casa
CAP. 8
GILBERTO:
Você ficou maluco de vez? Depois de tudo que aconteceu, a última coisa que eu
faria na vida era morar na sua casa. Só se fosse pra cair na boca do povo de
vez.
BONECA: Tipo,
você poderia ficar lá escondido, por uns dias, só até resolver que rumo vai
tomar na sua vida. Você não tem pra onde ir, tem?
GILBERTO: Não,
não tenho. Mas pra sua casa eu não vou de jeito nenhum! E se você puder me
fazer um favor, vá embora daqui, antes que me cause mais algum problema.
Boneca se retira, contrariado.
Logo em seguida, no Recife, Bernardo
entra em seu quarto e encontra os pais sentados na sua cama.
BERNARDO
(surpreso): Pai, mãe, o que vocês estão fazendo aqui?
LOURDES: A
gente estava te esperando, filho...
JUAREZ: Nós
precisamos ter uma conversa com você.
BERNARDO: Nossa,
desse jeito parece que fiz alguma coisa de errado. O que foi dessa vez?
JUAREZ: Fique
tranquilo, você não fez nada de errado. É só uma conversa mesmo.
LOURDES: Sabe
o que é, filho, depois daquele diz que a coordenadora chamou seu pai no colégio,
nós tivemos uma longa conversa...
JUAREZ: A
coordenadora achou seu comportamento estranho, falou que não é normal para um
rapaz da sua idade... Ela achou melhor/
BERNARDO
(interrompendo): Esse assunto de novo, pai? Já não basta todo aquele
constrangimento por uma coisa tão boba?
LOURDES
(meio sem jeito): A coordenadora acha melhor que a gente procure um psicólogo.
BERNARDO
(irritado): Psicólogo? Vocês ficaram malucos? Eu não vou procurar psicólogo
coisa nenhuma! Eu não tô doente, não sou doido!
JUAREZ: Filho,
não é isso. Ninguém está dizendo que você é maluco. Aliás, médico de maluco é
psiquiatra. O psicólogo é um profissional que vai conversar com você, tentar
entender porque você tem essas vontades diferentes das dos outros rapazes da
sua idade e tentar te ajudar.
BERNARDO: Eu
não quero! Não vou de jeito nenhum!
LOURDES: Se
você quiser, a gente vai junto com você, filho...
BERNARDO: Não!
Não vou e pronto! E se for isso, me dão licença que eu tenho de sair (e se
retira batendo a porta)
Vanilda e Joana saem na rua para
ir ao supermercado. Um grupo de crianças da vizinhança começa a debochar do seu
cabelo.
CRIANÇA 1: Joãozim!
Joãozim! (os outros acompanham gritando em coro) Joãozim! Joãozim!
CRIANÇA 2: O
cabelo dela é de homem!
CRIANÇA 3: Parece
o cabelo do Neymar!
JOANA
(ameaçando partir pra cima): Mãe, eu vou bater nesses moleques!
VANILDA: Deixa
as crianças pra lá, Joana. Ignore. Você parece que não conhece criança.
E o grupo de crianças as segue
gritando: Joãozim! Joãozim!
A noite cai. Joana chega ao
colégio, mas não se livra das piadinhas. No corredor da classe, ouve quando
seus colegas comentam.
ALUNO 1: Essa
daí, não sei não... Acho que é mais macho do que nós três aqui...
ALUNO 2: Para
virar João, era só o que faltava: cortar o cabelo.
ALUNO 1: Será
que agora o professor vai fazer a chamada e chamar “João”?
ALUNO 3: Que
isso, galera, isso é maldade da parte de vocês... A menina é gatinha. É o jeito
dela, só isso.
ALUNO 2: Deixa
de ser ingênuo, rapaz! Com essa ingenuidade toda daqui a pouco tu tá pegando
travesti e achando que é mulher, igual ao Ronaldo Fenômeno.
ALUNO 1: Se
essa daí não calçar 44, dou minha cara à tapa... (risos debochados)
JOANA
(virando para trás, séria): Algum problema aí, ô bando de manés?
Continua amanhã...
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Você sabia?
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