No capítulo anterior...
Joaquim leva bronca do pai por causa das
revistas de travestis
Ronaldo ameaça espancá-lo caso volte a criar
problemas
A Coordenadora aconselha Juarez a procurar
ajuda para Bernardo
Gilberto não consegue se esquecer da transa
com “Boneca”
Avenor expulsa Gilberto de casa sob gritos e
ameaças
CAP. 4
Gilberto chora assustado. Sua
mãe e seus irmãos saem da casa ao ouvir os gritos de Avenor.
CATARINA: Por
Deus, homem, não faça isso com o seu próprio filho! Tenha piedade!
AVENOR: Eu
não criei filho pra virar boiola! Lugar de vagabundo é na rua, não é debaixo do
meu teto. Pode sumir daqui e não me apareça nunca mais!
CATARINA: Você
não pode fazer isso, é sangue do seu sangue...
AVENOR: Você
tá com pena do safado? Se quiser pode ir junto! Mas não volte nunca mais.
CATARINA
(correndo para abraçar Gilberto): Vou, vou sim. Não vou abandonar meu filho por
uma covardia dessas.
AVENOR: Mas
se for, vai sozinha com o sem-vergonha, porque daqui não leva nada! Nem os meus
filhos, nem um grão de arroz. Vai com a roupa do corpo.
Gilberto e a mãe choram
abraçados. Odília, Cristina e Celina caem no choro também. Carlos e Zezão a
tudo observam chocados.
GILBERTO: Fica
minha mãe. Não vá sacrificar a sua vida e a sua família por minha causa. Eu vou
seguir o meu destino. Um dia volto para lhe dar notícias.
AVENOR: Não
volte não! Some de uma vez por todas que é pra não envergonhar a família. Eu
vou falar pra todo mundo que você morreu. Eu não tenho filho viado, não criei
filho pra ser pederasta. Já que escolheu virar boiola, que vá fazer as suas
safadezas bem longe daqui!
CATARINA: Você
vai ter coragem, homem, de expulsar seu filho de casa, de colocar o coitadinho
no mundo debaixo dessa chuva?
AVENOR: Já
falei: se você quiser pode ir junto. Se não quiser, passa pra dentro e cala a
boca.
O rapaz junta suas roupas e
refaz a trouxa. Sua mãe e seus irmãos choram abraçados. Avenor entra e bate a
porta com força.
Gilberto sobe as escadas e
abraça sua família por instantes. Sob o olhar incrédulo de todos e de alguns
vizinhos que presenciaram a cena, vai se afastando lentamente. Sua mãe corre
para o portão e o observa até que despareça na curva do fundo do vale. Catarina
chora desesperada.
Sem destino e sem saber o que
fazer da vida, Gilberto segue para o Parque onde estão acontecendo as cavalhadas.
É a maior festa do município, que atrai gente de toda a redondeza. Apesar da
chuva, o movimento é intenso e muitas pessoas circulam por ali. O rapaz vaga
sem rumo no meio da multidão, de um lado para outro. Cansado, encontra um
estábulo isolado, usa a trouxa de roupa como travesseiro e ali cai no sono.
Em Blumenau, Tatão adormeceu no
sofá. O relógio já passa das quatro da manhã quando ouve um barulho no trinco
da porta.
TATÃO
(prontamente de pé): A mocinha pode me explicar porque está chegando nesse
horário?
JOANA: Posso.
Foi porque eu resolvi curtir a night um pouco mais.
TATÃO: E
porque não veio junto com o seus irmãos, conforme o combinado?
JOANA: Meus
irmãos são um bando de prego. Não tem gás pra curtir os agitos. Ô pessoalzinho
travado e chato!
TATÃO: Escuta
aqui, mocinha (pegando-a pelo braço), eu acho/ (interrompe, percebendo seu
hálito com cheiro de bebida) Você andou bebendo?
JOANA
(irônica): Só uma cervejinha...
TATÃO: Eu
não sei aonde eu tô que não te enfio a mão na cara! Você me respeita, moleca,
que eu sou seu pai!
VANILDA
(vindo do quarto): Calma, Tatão, agressão não resolve nada.
TATÃO: Você
sabia que por sua causa eu passei a noite inteira aqui nesse sofá duro?
JOANA: Passou
porque quis né, pai? Podia ter dormido quentinho na sua caminha a noite toda.
TATÃO: Menina,
você não me tira dos eixos! Você não me conhece... Passei a noite aqui porque
me preocupo com você, com a sua segurança, sua mal agradecida. Quer saber de
uma coisa? Vá tomar um banho e escovar essa boca fedida. Depois eu me entendo
com você. (Joana sai)
VANILDA: Não
te disse? Ninguém aguenta essa menina. É sempre desse jeito: tudo que você
fala, ela tem uma resposta na ponta da língua. Se você não tivesse dado tanta
corda quando era pequena, talvez hoje não tivesse assim...
O dia amanhece. O sol já está
alto no horizonte quando alguém desperta Gilberto.
PEÃO: Ô
rapaz, acorda, quase meio dia já. O quê que você tá fazendo aqui? Que trouxa de
roupa é essa? Fugiu de casa?
Gilberto fica atordoado.
Continua amanhã...
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Você sabia?
Não é
correto dizer “opção sexual”, pois ninguém escolhe nascer heterossexual ou
homossexual. A pessoa simplesmente nasce e pronto. O correto é dizer
“ORIENTAÇÃO SEXUAL”.
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