26 de nov. de 2011

GLS TEEN - CAP. 12



No capítulo anterior...
Joaquim concorda em fazer um programa de graça em troca do silêncio do vizinho
Depois de passar mais uma noite na rua, Gilberto resolve se abrigar na casa de Boneca
Joaquim corre para chegar em casa antes do dia amanhecer, mas a mãe o surpreende

CAP. 12

HELENA: Vamos, o gato comeu a sua língua?
JOAQUIM: A senhora esqueceu, mãe? Eu não disse que ia dormir na casa do Carlinhos para fazer um trabalho de escola? A senhora tá com uns parafusos a menos...
HELENA (se lembrando): Ah... É mesmo! Que cabeça a minha... Mas xispa daqui e vai logo pro quarto. Seu pai não sabe que você dormiu fora e se ficar sabendo vai me encher o saco. Vamos, xispe e raspe daqui e só levante da cama depois que ele tiver saído!

Joaquim parte apressado para o quarto. Fala consigo mesmo.

JOAQUIM: Ufa! Dessa eu escapei por pouco...

No Recife, a turma se prepara para a aula de educação física. Rapazes numa quadra, moças na outra. Depois do aquecimento o professor começa a escalar os times. Bernardo é designado para completar um time de futsal. Mas logo começa a chiadeira.

ALUNO 1: Não professor, o “Bernadete” não... Esse cara não joga nada! Aliás, nem jogar bola ele sabe!
ALUNO 2: Fala sério, professor, esse jogo é masculino, aqui não tem vaga pra moça não!
ALUNO 1: Ah nem! Se for pro “Bernadete” jogar no nosso time eu prefiro ficar de fora!
PROFESSOR: Galera, vamos parar com essa palhaçada! O Bernardo faz parte da turma e vai jogar no time sim! Quem não tiver satisfeito, que fique sem jogar então.
BERNARDO (sem graça): Esquenta não, professor. Eu prefiro mesmo ficar de fora... Se fosse pra escolher eu preferia jogar um vôlei...
PROFESSOR: Não senhor, o seu lugar é aqui. Vai jogar futsal com a turma.

Bernardo entra em quadra contrariado. Sua atuação é desastrada: não consegue acertar um passe, sem falar nos chutões fora de rumo, que quase sempre resultam em cobrança de laterais para o time adversário. Cada vez que toca na bola é seguido por um coro de vaias e comentários preconceituosos, além daqueles que dizem respeito única e exclusivamente à sua falta de habilidade. E a cada lance a chiadeira continua.

ALUNO 1: Tira o “Bernadete”, professor! Assim o nosso time vai perder!
ALUNO 3 (do time adversário): Tira não, fessor! O cara joga demais! (risos) Ele é quase um Neymar... De saias, mas é (risos generalizados)
ALUNO 3: Sei! Tá mais pra uma “neymarete”, isso sim!

Não tem jeito, o time de Bernardo perde de lavada: 5 a 0. E na volta para os vestiários, é impossível não ouvir os comentários maliciosos.

ALUNO 2: Ah nem! Se não fosse esse prego a gente tinha ganhado!
ALUNO 1: Esse baitola tem de jogar é peteca! No nosso time esse cara não joga mais!
ALUNO 2: Dá vontade de descer o braço num cara desses pra ver se ele vira homem!

Bernardo fica chateado com as piadinhas, mas não esboça reação, afinal de contas, já está acostumado. Há vários anos, desde as primeiras séries, é sempre assim... Seu jeitinho meigo, delicado, e sua falta de habilidade para as atividades masculinas sempre provocaram a ira de seus colegas de turma.

Final da tarde, Boneca chega da lavoura.

GILBERTO: Não sei se você vai gostar, mas fiz uma janta aqui.
BONECA: Prendado o rapaz... Fez janta, limpou a casa (constatando a limpeza)...
GILBERTO: Tentei dar uma ajeitada nas coisas. Espero que não fique zangado se eu tiver tirado alguma coisa do lugar.
BONECA: Sem problemas. De qualquer forma, está melhor do que antes. Na verdade eu só limpo casa no final de semana, é quando tenho tempo.
GILBERTO: Como foi o dia lá? Viu meu pai, meus irmãos?
BONECA: Alguns colegas notaram sua ausência, mas seu pai não disse nada, só respondeu que você não era mais filho dele e não sabia onde você esta. Falou que você tinha sumido de casa. Foi esse o comentário que ouvi lá. (instantes) Eu conversei com o seu Moisés lá da administração e ele falou que amanhã você pode ir lá receber seu dinheiro.
GILBERTO (triste): Dos males o menor. Pelo menos uma notícia boa...

A noite cai. O relógio marca vinte e três horas e trinta minutos e nem sinal de Joana. Os irmãos não sabem de seu paradeiro. Vanilda caminha impaciente pela sala. Olha no relógio, corre no portão, olha no relógio e nada!

O relógio já marca mais de duas horas da manhã.

VANILDA: Meu Deus do ceú! Onde será que a Joana se meteu?

Continua segunda-feira...


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Você sabia?

É incorreto usar a palavra HOMOSSEXUALISMO para se referir a pessoas que não são heterossexuais. O sufixo “ISMO” se refere a doença e desde 1973 a homossexualidade deixou de ser classificada como doença, distúrbio ou perversão pela Associação Americana de Psiquiatria.

Portanto, o termo correto é homossexualidade.

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