No capítulo anterior...
- Boneca vai à casa da família de Gilberto
levar notícias do rapaz
- Catarina o recebe mal, mas depois acaba lhe
agradecendo pelo favor
- Bernardo joga a final do handebol, mas a
torcida adversária contesta a sua presença
CAP. 25
Um pequeno tumulto se forma em
volta da mesa da arbitragem e as coordenadoras das equipes são chamadas para
resolver o impasse.
COORDENADORA (do time perdedor): Sinto muito, colega, mas se era uma
competição de handebol feminino você não poderia ter colocado um rapaz para
jogar no time.
PROFESSORA
(de Bernardo): Mas não havia nada escrito nas regras que impedisse.
COORDENADORA: Oras, mas não precisa ser nenhum gênio para
deduzir essa regra: se é feminino só pode ser jogado por meninas. Um rapaz tem
muito mais força, mais agilidade e destreza que as moças. Isso foi no mínimo
desleal da sua parte...
PROFESSORA: Eu sei, colega, mas faltava uma jogadora no
time. Não fizemos isso com a intenção de tirar vantagem, foi apenas pra
completar o time mesmo.
COORDENADORA: Difícil acreditar nessa sua justificativa,
querida, porque se não houvesse a intenção de tirar proveito, você deveria ter
informado isso aos árbitros, antes do jogo começar, é claro... Eu não aceito
esse resultado. Vou chamar a minha diretora pra resolver isso...
As diretoras dos colégios são
chamadas. Elas se reúnem com os árbitros e com as professoras, enquanto a
galera grita impaciente na arquibancada querendo uma solução.
Depois de muito bate-boca,
chegam a um consenso.
ÁRBITRO: Atenção,
pessoal! Silêncio, por favor! Silêncio! Nós chegamos à conclusão de que o time
agiu de má fé ao escalar um rapaz para disputar uma partida que deveria ser de
handebol feminino. Portanto o time está desclassificado.
A torcida do time da casa
vibra, enquanto a turma de Bernardo vaia.
Na saída do ginásio, alguns
alunos tentam culpar Bernardo pelo acontecido.
ALUNO 1: A
professora não tinha nada de escalar o Bernadete pra jogar. Tudo bem que ele
morre de vontade de ser mulher, mas ele tem um quê a mais que não permite. É
foda, a gente ser desclassificado por causa de babaca daqueles.
ALUNA 2: O
Bernadete não tinha nada de aceitar e se meter no meio do time. Tudo ele quer
entrar no meio! Se eu tivesse no time não aceitava ele jogar. Ele se quisesse
que montasse um time de bibas pra jogar com ele!
ALUNO 3 (tentando
acalmar os ânimos): Que isso, galera, o cara jogou bem, tentou ajudar. Se não
deu certo, paciência. O mundo não vai acabar só porque a nossa escola perdeu
uma partidinha de merda dessas... Vocês levam as coisas à sério demais.
ALUNO 1: Levo
mesmo. Derrota é sempre derrota. Se a gente entra é pra ganhar, não pra ser
desclassificado por causa de um boiola daqueles.
Bernardo é criticado e culpado
pela derrota por muitos colegas da turma. Ele sai do ginásio triste, cabisbaixo,
mas é consolado pelas companheiras do time.
Enquanto isso, em Ipatinga, a
patroa dá uma nova tarefa a Gilberto.
SELMA: Hoje
quero que você ajude a lavar o ginásio. Lá tem um rapaz que toma conta, o nome
dele é Adriano. Ele é um rapaz assim... meio alegre, sabe? (dá um risinho
irônico e faz um gesto com a mão desmunhecada). Mas é gente boa. Quero que
ajude a dar uma geral lá.
GILBERTO: Sim
senhora.
Gilberto pega vassouras, baldes
e se dirige para o ginásio, que fica do outro lado da rua. Adriano abre o
portão.
ADRIANO: Hum,
você que é o bofe que a “Selmona” mandou para me ajudar?
GILBERTO: Sim,
sou eu mesmo. E você deve ser o Adriano.
ADRIANO: O
próprio. Mas os íntimos me chamam de Adelaide Catarina. Vamos, entre, bofão.
Tenho certeza que a gente vai se divertir muito aqui nesse ginásio. (e faz uma
cara de safado)
Gilberto fica desconcertado.
Continua amanhã...
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Você sabia?
A
primeira aparição conhecida do termo "homossexual" em documentos
impressos foi encontrada em um panfleto de 1869, publicado anonimamente, pelo
romancista alemão nascido na Áustria, Karl-Maria Kertbeny, argumentando contra
uma lei anti-sodomia prussiana.
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