No capítulo anterior...
Gilberto liga para Boneca e pede que ele
providencia sua transferência escolar
Bernardo comemora com as amigas a vitória no
jogo, mas não sem ouvir gracejos
Vanilda tenta conversar, mas Joana é evasiva.
Seu pai chega e lhe dá uma dura
CAP. 23
TATÃO: Sua
mãe já deve ter lhe falado que eu não ando nada satisfeito com as suas atitudes
de uns dias pra cá.
JOANA: É,
ela já leu o “sermão da montanha” aqui pra mim. Se for isso que o senhor quer
falar, pode economizar a sua saliva porque ela já falou tudo.
TATÃO: Olha
aqui, mocinha, eu não quero economizar nada, e vou falar o quanto eu achar
necessário. Se você quer continuar morando aqui, embaixo do meu teto, vai ter
que respeitar as minhas regras. As minhas e as da sua mãe.
JOANA: O
senhor tá me mandando embora de casa? É isso?
TATÃO: Não.
Por enquanto não. Eu tô querendo dizer que enquanto você quiser continuar
morando aqui, deve respeito a mim e a sua mãe. Não pode fazer o que bem
entender. Na hora que você se formar, tiver o seu emprego, a sua casa, aí sim,
pode fazer as besteiras que quiser. Ou então na hora que arrumar um marido que
te sustente. Que pelo visto não é esse namoradinho aqui que você arrumou.
Porque esse, pelo visto, só tá te levando para o mau caminho.
JOANA: Pai,
o senhor tá mais por fora que bunda de índio. O Sérgio é um cara super bacana.
Ele só quer o meu bem, só me dá bons conselhos. Aliás tem horas que eu acho ele
chato pra burro, por causa de tanta pegação no pé.
TATÃO: Não
é o que parece, porque desde que você conheceu esse sujeito você começou a
mudar. E mudar pra pior: não tem hora pra chegar em casa, não quer andar mais
com seus irmãos. E sabe Deus o que anda aprontando aí na rua sozinha com esse
pilantra...
VANILDA: Também
não é assim, Tatão. O rapaz não me parece tão má pessoa assim...
JOANA: Deixa,
mãe. Deixa ele falar. Deixa ele viajar na maionese.
TATÃO: Hoje
cedo, quando eu levantei pra trabalhar, fui lá na sua cama e senti o maior bafo
de bebida. Pode deixar, eu vou ter uma conversinha muito séria com esse seu
namoradinho. Deixa só ele aparecer aqui. (e sai)
Na sala de aula, a professora
divide os grupos para um trabalho.
PROFESSORA: Pessoal, juntem as carteiras. Quero grupos de
seis alunos. Vocês vão ler o texto e depois responder ao questionário em
conjunto. No final da aula vou escolher um aluno de cada grupo para comentar o
trabalho da equipe.
Joaquim tenta se unir a um
grupo, mas é rejeitado.
ALUNO 1: Sai
fora, “Quinzete boiolete”, esse grupo aqui é dó se macho. Baitola não entra.
JOAQUIM: Você
não tá vendo que a professora mandou juntar as carteiras?
ALUNO 2: Mas
nós não queremos você aqui. Vai se juntar com o grupo das mulheres!
JOAQUIM: Deixa
de palhaçada, cara, é só um trabalho. Que mal tem a gente fazer o trabalho
junto?
ALUNO 1: A
gente não quer você aqui! Dá pra entender o quer que a gente desenhe?
ALUNO 3 (tentando
apaziguar): Ou, deixa o cara ficar aqui, gente. Que mal tem? É só uma
leitura...
ALUNO 1: Tem
que a gente não quer boiola aqui. Vamo, vaza!
A professora percebe o entrave
e intervém.
PROFESSORA: Algum problema aí nesse grupo do canto?
JOAQUIM: É
esse cidadão aqui, professora, que não quer me aceitar no grupo deles. Tá
dizendo que esse grupo é só de macho e não aceita baitola no meio.
PROFESSORA: Pessoal, vamos para com essa agressividade.
Aqui são todos colegas. Vocês estudam juntos há meses e não é agora que vão
começar com rusgas entre vocês. Joaquim, pode colocar sua carteira lá. Vão
trabalhar todos juntos sim! E não quero saber de mais nenhum ti ti ti nesse
grupo. Comecem a ler porque o tempo tá passando.
ALUNO 1 (inconformado,
para Joaquim): Palhaço! Da próxima vez que você for “caguetar” alguma coisa pra
professora a gente vai se acertar, lá fora! Vou te descer o braço pra ver se
você vira homem!
Catarina varre a sala quando
ouve alguém bater à porta. Ela abre e se depara com Boneca.
CATARINA
(intrigada): Depois de tudo, você ainda tem coragem de aparecer aqui, rapaz?
Continua amanhã...
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Você sabia?
Especialistas
em literatura psiquiátrica concordam em posicionar o surgimento do termo “homossexualismo”
no século XIX, por volta da década de 1860 ou 1870, criado pelo discurso médico
para identificar o sujeito homossexual. Como já vimos, esta palavra não é mais
usada atualmente, pois o sufixo “ismo” se refere a doença e desde 1973 a homossexualidade
não é mais considerada uma doença.
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