9 de dez. de 2011

GLS TEEN - CAP. 23



No capítulo anterior...
Gilberto liga para Boneca e pede que ele providencia sua transferência escolar
Bernardo comemora com as amigas a vitória no jogo, mas não sem ouvir gracejos
Vanilda tenta conversar, mas Joana é evasiva. Seu pai chega e lhe dá uma dura

CAP. 23

TATÃO: Sua mãe já deve ter lhe falado que eu não ando nada satisfeito com as suas atitudes de uns dias pra cá.
JOANA: É, ela já leu o “sermão da montanha” aqui pra mim. Se for isso que o senhor quer falar, pode economizar a sua saliva porque ela já falou tudo.
TATÃO: Olha aqui, mocinha, eu não quero economizar nada, e vou falar o quanto eu achar necessário. Se você quer continuar morando aqui, embaixo do meu teto, vai ter que respeitar as minhas regras. As minhas e as da sua mãe.
JOANA: O senhor tá me mandando embora de casa? É isso?
TATÃO: Não. Por enquanto não. Eu tô querendo dizer que enquanto você quiser continuar morando aqui, deve respeito a mim e a sua mãe. Não pode fazer o que bem entender. Na hora que você se formar, tiver o seu emprego, a sua casa, aí sim, pode fazer as besteiras que quiser. Ou então na hora que arrumar um marido que te sustente. Que pelo visto não é esse namoradinho aqui que você arrumou. Porque esse, pelo visto, só tá te levando para o mau caminho.
JOANA: Pai, o senhor tá mais por fora que bunda de índio. O Sérgio é um cara super bacana. Ele só quer o meu bem, só me dá bons conselhos. Aliás tem horas que eu acho ele chato pra burro, por causa de tanta pegação no pé.
TATÃO: Não é o que parece, porque desde que você conheceu esse sujeito você começou a mudar. E mudar pra pior: não tem hora pra chegar em casa, não quer andar mais com seus irmãos. E sabe Deus o que anda aprontando aí na rua sozinha com esse pilantra...
VANILDA: Também não é assim, Tatão. O rapaz não me parece tão má pessoa assim...
JOANA: Deixa, mãe. Deixa ele falar. Deixa ele viajar na maionese.
TATÃO: Hoje cedo, quando eu levantei pra trabalhar, fui lá na sua cama e senti o maior bafo de bebida. Pode deixar, eu vou ter uma conversinha muito séria com esse seu namoradinho. Deixa só ele aparecer aqui. (e sai)

Na sala de aula, a professora divide os grupos para um trabalho.

PROFESSORA: Pessoal, juntem as carteiras. Quero grupos de seis alunos. Vocês vão ler o texto e depois responder ao questionário em conjunto. No final da aula vou escolher um aluno de cada grupo para comentar o trabalho da equipe.

Joaquim tenta se unir a um grupo, mas é rejeitado.

ALUNO 1: Sai fora, “Quinzete boiolete”, esse grupo aqui é dó se macho. Baitola não entra.
JOAQUIM: Você não tá vendo que a professora mandou juntar as carteiras?
ALUNO 2: Mas nós não queremos você aqui. Vai se juntar com o grupo das mulheres!
JOAQUIM: Deixa de palhaçada, cara, é só um trabalho. Que mal tem a gente fazer o trabalho junto?
ALUNO 1: A gente não quer você aqui! Dá pra entender o quer que a gente desenhe?
ALUNO 3 (tentando apaziguar): Ou, deixa o cara ficar aqui, gente. Que mal tem? É só uma leitura...
ALUNO 1: Tem que a gente não quer boiola aqui. Vamo, vaza!

A professora percebe o entrave e intervém.

PROFESSORA: Algum problema aí nesse grupo do canto?
JOAQUIM: É esse cidadão aqui, professora, que não quer me aceitar no grupo deles. Tá dizendo que esse grupo é só de macho e não aceita baitola no meio.
PROFESSORA: Pessoal, vamos para com essa agressividade. Aqui são todos colegas. Vocês estudam juntos há meses e não é agora que vão começar com rusgas entre vocês. Joaquim, pode colocar sua carteira lá. Vão trabalhar todos juntos sim! E não quero saber de mais nenhum ti ti ti nesse grupo. Comecem a ler porque o tempo tá passando.

ALUNO 1 (inconformado, para Joaquim): Palhaço! Da próxima vez que você for “caguetar” alguma coisa pra professora a gente vai se acertar, lá fora! Vou te descer o braço pra ver se você vira homem!

Catarina varre a sala quando ouve alguém bater à porta. Ela abre e se depara com Boneca.

CATARINA (intrigada): Depois de tudo, você ainda tem coragem de aparecer aqui, rapaz?

Continua amanhã...


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Você sabia?

Especialistas em literatura psiquiátrica concordam em posicionar o surgimento do termo “homossexualismo” no século XIX, por volta da década de 1860 ou 1870, criado pelo discurso médico para identificar o sujeito homossexual. Como já vimos, esta palavra não é mais usada atualmente, pois o sufixo “ismo” se refere a doença e desde 1973 a homossexualidade não é mais considerada uma doença.

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