25 de jan. de 2012

GLS TEEN - CAP. 63



No capítulo anterior...
- Juarez discute com Bernardo e o proíbe de se encontrar com Pâmela
- D. Almenara obriga Joana a ir até a igreja. Joana fica irritada
- Colegas criticam a proximidade de Gilberto com Dadinho e acreditam num romance
- Joaquim chega ao posto para fazer programas e é surpreendido por sua mãe

CAP. 63

JOAQUIM: Mãe, o que a senhora tá fazendo aqui?
HELENA: Eu te vim te procurar meu filho. Como você sumiu de casa e nunca mais deu satisfação, o único jeito foi vir atrás pra saber como você tá.

Helena fica olhando para Joaquim com ar de admiração e reprovação, afinal de contas nunca o tinha visto travestido de mulher.

HELENA: Que roupas são essas, filho? Você tá com a cara toda pintada parecendo uma mulher de zona. Eu tive um filho homem... O que aconteceu pra você ficar desse jeito?
JOAQUIM: Mãe, se a senhora veio aqui pra me acusar, pra me criticar, pra ficar me olhando como se eu fosse um bicho numa jaula, é melhor a senhora ir embora. Já basta o que aquele brutucu do meu pai fez comigo.
HELENA: Ele te bateu, não foi?
JOAQUIM: Bateu? Ele quase me matou! Se não fosse um carro da polícia que passou e ele ficou com medo, o covarde tava me batendo até agora...
HELENA: Seu pai é muito explosivo mesmo, ele não tem cabeça pra essas coisas. Mas eu sou diferente, meu filho, eu só quero o seu bem. Eu vim aqui pra levar pra casa, pra você deixar essa vida de lado.
JOAQUIM: Tá maluca, mãe? A senhora acha que eu vou voltar pra lá pra ele me espancar de novo? Nem morta!
HELENA: Onde você tá vivendo, meu filho? Não vai me dizer que você tá vivendo na rua, como se fosse um indigente.
JOAQUIM: Não mãe. Eu tô morando na casa de uma amiga. Tô muito bem lá.
HELENA: Uma amiga, assim, que veste essas roupas?
JOAQUIM: É, uma travesti mesmo.
HELENA: E foi essa amiga que trouxe pra essa vida? Te obrigou a fazer essas coisas?
JOAQUIM: Não, dona Helena, ninguém me obrigou a nada. Eu fiz tudo que fiz porque eu quis, porque eu sempre tive vontade.

Helena não resiste e as lágrimas começam a escorrer do seu rosto.

HELENA: Eu não entendo isso... Você nasceu homem, eu te criei como um rapazinho. Como você virou a cabeça desse jeito?
JOAQUIM: Desde pequeno, mãe. Desde pequeno eu já gostava de boneca, já gostava de salto. Eu queria sair com aquele brucutu do meu pai e ele não deixava, a senhora lembra? Ele sempre levava os meus irmãos e me deixava em casa. A senhora lembra que ele sempre mandava eu ficar com a senhora?
HELENA: Eu lembro. Mas, só por isso você resolveu gostar dessas coisas, se vestir desse jeito?
JOAQUIM: Eu não sei explicar, mãe, isso é uma vontade que vem de dentro. Eu não sei explicar.
HELENA: É muito triste essa vida desse jeito. Se fosse só vestir desse jeito, tava bom, mas seu pai me falou que você vende o corpo, que se deita com os homens daqui em troca de dinheiro. Você não precisa disso, meu filho, nós somos pobres mas sempre criamos você e seus irmãos com dignidade.
JOAQUIM: Mãe, por favor, é melhor a senhora ir embora. Não sei nem o que senhora veio fazer aqui.
HELENA: Eu quero te levar pra casa, meu filho, te tirar dessa vida. Isso aqui não foi feito pra você não.
JOAQUIM: Pra casa eu não volto. A senhora quer que aquele bruto me mate? Eu tô bem aqui. Volta pra casa. De vez em quando, quando ele não tiver lá, eu passo lá pra ver a senhora. Por favor, mãe, vai, volta pra casa.
HELENA: Então tá bom, eu volto. Mas não some não. Dá notícias porque a mãe fica muito preocupada com você. Essa não é a vida que eu queria pra você e nem pra ninguém, mas você é meu filho e eu sempre vou gostar de você, seja do jeito que for.
JOAQUIM: Tá bom, mãe, mas agora vai.
HELENA: Fique com Deus, meu filho. A mãe te ama.

Helena se afasta, enxugando as lágrimas. Joaquim fica comovido com o encontro.

No Recife, Bernardo ouve música com um fone de ouvido, distante, como se ignorasse a presença dos irmãos no quarto.

GERSON: Que bicho mordeu ele?
AIRTON: Tá assim faz dias... Não fala com ninguém, não ri, não conversa... Só estudando, ouvindo música, estudando... Tá trancado dentro de si feito um caracol.
SIMONE: Será que ainda é por causa daquela discussão com o papai?
GERSON: Certamente. Acho que o coroa pagou o maior sapão pra ele...
AIRTON: Ah, mas será só isso? Tem tantos dias aquilo... Acho que tem mais alguma coisa atrás disso.
SIMONE: Eu já tentei puxar papo, mas ele não fala um “a”. Acho que grilou geral comigo...
AIRTON: Também, né? Você dedurou ele geral...
SIMONE: Eu só tentei ajudar. E faria a mesma coisa se fosse com um de vocês.
GERSON: É, mas da próxima vez, seja mais discreta. Você sabe que o coroa pega pesado...

Bernardo continua lá, alheio à tudo.

Amanhece o dia.

Tatão chega em casa para almoçar e se depara com Joana almoçando na mesa da cozinha.

JOANA: Pai?
TATÃO: Você não tava morando lá na casa da sua avó?

Joana fica apreensiva.

Continua amanhã...


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Você sabia?

Europa - Apesar de os poemas de Safo pouco se referirem ao ato físico entre mulheres, hoje em dia sabe-se que a deusa Afrodite, nos poemas de Safo, é tida como a patrona das lésbicas.

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