17 de jan. de 2012

GLS TEEN - CAP. 56



No capítulo anterior...
- Dadinho conclui que Gilberto foi embora apressado por causa do trabalho
- Joana dorme ao relento em uma praça. Ao amanhecer resolve voltar pra casa
- Joana encontra Tatão no portão de casa, mas ele se recusa a aceitá-la de volta
- Gilberto conta a Adriano a aventura com Dadinho. Adriano debocha dele
- Bernardo vai ao colégio e encontra Ramon triste. Ele quer saber por quê

CAP. 56

RAMON: O mesmo de sempre: minha mãe me torrando o saco porque quer eu seja médico, advogado, essas palhaçadas todas...
BERNARDO: Entendo...
RAMON: Toda vez que a gente toca no assunto é uma discussão. Eu já tô de saco cheio disso. Eu entendo que ela só quer o meu bem, mas também não pode me obrigar a fazer o que eu não quero, afinal de contas é a minha vida, o meu futuro...
BERNARDO: Não é fácil mesmo. Lá em casa também acontece... Também tô enfrentando uma barra dessas. Dia desses eu peguei carona com uma colega transexual e meus irmãos me viram chegando em casa. Agora volta e meia alguém vem tirar satisfação comigo. Tem horas que me dá vontade de abrir o jogo e falar logo tudo que tenho vontade, mas tenho medo que eles fiquem chocado com a verdade...
RAMON: Contar tudo o quê?
BERNARDO: Que eu não sou o machão que eles imaginam, que eu gosto mesmo é de outra coisa, entende?
RAMON: É, vai ser um baque e tanto... Mas você teria coragem de contar assim, na lata?
BERNARDO: Tem horas que me dá vontade. Mais cedo ou mais tarde eles vão saber mesmo... Não adianta ficar cozinhando em banho-maria, isso só vai adiar o conflito, mas não vai mudar nada em nada...
RAMON: Não sei, mas acho que você deve pensar bem antes de fazer isso. Vai ser um choque para todos...
BERNARDO: São coisas que passam pela cabeça da gente, mas na hora H eu sempre volto atrás. No fundo eu acho que meus irmãos já sacam alguma coisa. Eu percebo pelo jeito deles. Já peguei muitas vezes umas conversas pelas metades, entende? Sempre que eu chego eles mudam de assunto...
RAMON: Mas você acha que eles vão aceitar numa boa?
BERNARDO: Aceitar, aceitar não... Que homem gostaria de ter um irmão gay? Acho que nenhum. Mas também não demonstram maiores revoltas. Meu pai é que vai ter um pirepaque. Imagine: ele é coronel do Exército...
RAMON: É, meu amigo, se prepare, porque a coisa vai engrossar pro seu lado...
BERNARDO: Se pelo menos eu tivesse alguém pra me apoiar, pra me dar uma força, eu ficaria mais confiante...
RAMON: Bom, não sei se eu sou a pessoa mais indicada pra isso, mas, sempre que você precisar conversar, desabafar, pode contar comigo. Só não queria que a gente se encontrasse aqui na escola, que é pra não dar motivos pra essa galera falar, saca? Mas fora daqui a gente pode conversar numa boa.
BERNARDO: Eu entendo. E te agradeço por isso. Aliás, conheci uma pessoa que pode me ajudar muito: o nome dela é Pâmela. Ela é transexual e já passou por tudo isso. Hoje ela já fez cirurgia, já virou mulher. É uma pessoa muito cabeça e tem muita experiência de vida.
RAMON: Que bom, porque eu não entendo nada dessas paradas. Posso conversar contigo como amigo, mas não posso te dar muitos conselhos, saca?
BERNARDO: Só a sua companhia já me faz muito bem.

Os dois sorriem cúmplices. Bernardo se derrete por dentro com as palavras do amado. Para Ramon é apenas um diálogo entre dois amigos.

Em Belém, no pequeno apartamento de Xantara...

XANTARA: É Bee, agora você precisa pensar no que fazer da vida. Pra sua casa eu acho que não vai dar pra voltar...
JOAQUIM: Só se for pra aquele brucutu terminar o serviço: esganar e matar a bicha de vez! Deus me livre! Ainda quero brilhar nos palcos da vida...
XANTARA: Por uns dias você terá que ficar de molho até sumir esses hematomas. Nenhum cliente vai querer fazer programa com a senhora toda destruída desse jeito... Parece que passou um trator em cima da minha amiga... (risos)
JOAQUIM: A senhora ri, né bandida? Porque não foi com a senhora...
XANTARA: Relaxa, bicha, titia Xanti já passou por tudo isso e está aqui linda e loira até hoje. A senhora vai superar também...

Joana chega à casa da avó, que a recebe com alegria.

D. ALMENARA: Oi filha, que bom que tenha vindo visitar a vovó...
JOANA: Pois é, vó, mas eu não vim apenas visitar. Dessa vez eu vim pra ficar uns dias. Briguei com o meu pai...
D. ALMENARA: De novo? Quando é que você e seu pai vão se entender como pai e filha?
JOANA: Ah vó, meu pai é osso duro de roer, a senhora sabe...
D. ALMENARA: Mas você é danadinha, que eu sei... Vamos entrar...

Enquanto acomoda Joana no quarto...

D. ALMENARA: Que bom que você tenha vindo ficar uns dias aqui. A vovó tá precisando mesmo de uma companhia para ir à igreja...
JOANA (admirada): Igreja?

Continua amanhã...


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Você sabia?

Índia - O Código de Manu, a obra fundamental do direito hindu, menciona um "terceiro sexo", cujos membros podem exercer expressões de gênero não-tradicionais e atividades homossexuais.

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